Copa dos Campeões 1975-1976: Bayern de Munique Tricampeão Europeu



A temporada 1975/76 marcaria o Tricampeonato Europeu do Bayern de Munique. O começo na busca pela taça foi confortável. Contra o Jeunesse Esch, do Luxemburgo, o Gigante da Baviera venceu o jogo fora de casa por 5 a 0 e completou uma vitória agregada por 8 a 1 em Munique. Seus compatriotas alemães, o campeão alemão e da Copa da UEFA, Borussia Mönchengladbach, também conseguiram uma grande vitória, mas alcançada com muito menos facilidade. Frente aos austríacos de Innsbruck, a equipe precisou de um pênalti a sete minutos do fim para resgatar o empate em 1 a 1 em casa, e depois viu-se com um gol de desvantagem na Áustria, à medida que se aproximava o intervalo. O jogo, no entanto, mudou quando Uli Stielike igualou para o Borussia, faltando apenas um minuto para o intervalo. Na segunda etapa, Jupp Heynckes marcou quatro gols, e os campeões alemães venceram por 6 a 1 naquela noite.

Na segunda rodada, o Bayern teve que se recuperar de um gol de desvantagem após o primeiro jogo em Malmo, e só avançou para as quartas-de-final depois de dois gols no segundo tempo, o segundo dos quais foi um pênalti muito contestado. O Borussia teve uma tarefa mais difícil, já que o sorteio os colocou em um dos dois jogos principais da rodada. Contra a Juventus, os alemães venceram por 2 a 0 na Alemanha, graças à estrela dinamarquesa Alan Simonsen, e mais um gol de Heynckes. Em Turim, a Juventus empatou no agregado pouco depois da hora de jogo, mas Danner e Simonsen marcaram perto do fim, e garantiram a classificação da equipe alemã.

A segunda partida importante da rodada entre Derby County e Real Madrid foi repleta de polêmicas. No primeiro jogo, o Derby teve marcado ao seu favor dois pênaltis, e o Real teve um gol anulado, quando o mesmo árbitro que apitou a final da Copa do Mundo de 1966, assinalou impedimento. O Derby venceu o Real por 4 a 1, com Charlie George marcando três gols, mas o desempenho dos árbitros foi a principal reclamação dos jogadores do Real Madrid. Gunter Netzer reclamou: "Não podemos vencer esta partida agora, e isso se deve a algumas decisões terríveis da arbitragem." Enquanto Paul Breitner disse: "Não gosto de falar mal de jogadores ou árbitros, mas este árbitro, por meio de suas más decisões, tirou um ano inteiro de trabalho árduo do nosso clube. Nosso gol anulado não poderia ter sido impedimento. Agora sei como o Leeds se sentiu em Paris, quando uma decisão dos árbitros lhes custou a final."

Com uma vantagem de três gols na primeira mão, o Derby teve prazer em defender em Madri, mas sua tática cautelosa favoreceu o adversário. O Real marcou logo aos três minutos, quando Martinez cabeceou. Apesar da pressão incessante, os espanhóis não conseguiram marcar novamente antes do intervalo. No entanto, em dez minutos devastadores após o intervalo, os merengues empataram no agregado através de Martinez e Santillana. O Derby foi então forçado a atacar, e foi recompensado quando George acertou um chute muito feliz. Com o jogo entrando na fase final, o Real estava de saída da competição, mas faltando apenas seis minutos para o final, Amancio caiu na grande área, e Pirri marcou de pênalti. No prolongamento, a eliminatória foi vencida com um gol brilhante de Santillana no contra-ataque, e a famosa recuperação foi completada com uma vitória por 5 a 1 naquela noite. Depois, Dave Mackay, o técnico do Derby, foi generoso na derrota, dizendo: "O Real jogou como campeão mundial. Eles foram excelentes. Eles jogaram contra nós fora do campo, assim como fizemos contra eles no Derby." 

Os campeões alemães pareciam estar a caminho das semi-finais quando conseguiram uma vantagem de dois gols na primeira meia hora em Dusseldorf, mas, com Netzer a mostrar-se influente ao defrontar a sua antiga equipe, o Real se recuperou. Primeiro, Martinez cabeceou e marcou um gol crucial no final do primeiro tempo, e depois um chute de Pirri aos 60 minutos, fez o 2 a 2. Mas quando uma cabeçada de Heynckes colocou o Borussia em vantagem no primeiro tempo na Espanha, o equilíbrio de poder oscilou novamente, antes de Santillana cabecear após um cruzamento de Amancio, aos 50 minutos, o que, apesar de dois gols anulados no final do Borussia, levou o Real às semifinais.

O Bayern se classificou facilmente com uma goleada por 5 a 1 sobre o Benfica, depois de empatar por 0 a 0 em Lisboa, mas as duas restantes eliminatórias foram muito mais disputadas. O PSV Eindhoven se recuperou de uma desvantagem de 2 a 0 na ida para vencer o Hajduk Split por 3 a 2 no total, e o St Etienne fez exatamente o mesmo contra o Dynamo de Kiev. Este último resultado foi particularmente significativo, uma vez que a equipe do Dynamo de Kiev era praticamente igual à seleção nacional soviética, e era a atual campeã da Recopa europeia, e da Supercopa da UEFA. Liderados por Oleg Blokhin, Jogador Europeu do Ano em 1975, os campeões soviéticos pareciam ter o controle total da eliminatória após a ida, vencendo com gols de Konkov e do próprio Blokhin. Mas sob o comando do jovem treinador Roby Herbin, o St Etienne estava se tornando uma equipe respeitada em toda a Europa, tendo alcançado as semi-finais da Copa dos Campeões Europeus doze meses antes. Sua estrela era Dominique Rocheteau, de 21 anos, um jogador extraordinário em termos de habilidade e ritmo. No ataque estavam os irmãos Patrick e Herve Revelli, no meio-campo a estrela era Jean Michel Larque, enquanto o argentino Oswaldo Piazza era o destruidor no centro da defesa. Uma equipe muito forte, que brilhou e virou no jogo de volta.

Na semifinal contra o PSV Eindhoven, o St Etienne assumiu a liderança do placar na França, através de um gol marcado em uma cobrança de falta de Larque, mas raramente ameaçou o adversário depois disso. Com o PSV controlando grande parte do resto do jogo, os holandeses eram amplamente considerados favoritos para seguir em frente, ao voltar para casa com uma desvantagem de apenas 1 a 0. Na partida de volta, o PSV controlou o St Etienne por praticamente todos os 90 minutos, mas com Curkovic inspirado no gol, não conseguiu marcar nenhum tento, e foi o St Etienne que se tornou o primeiro time francês a chegar à final da Copa dos Campeões, desde o Stade de Reims, 17 anos antes.

A outra semifinal reuniu os dois maiores nomes restantes na competição. A ida, em Madri, entre o Real e o Bayern atraiu uma audiência televisiva estimada em 200 milhões de pessoas, já que o clube de maior sucesso na história da Copa dos Campeões Europeus afrontou a equipe que buscava o terceiro título consecutivo de campeão europeu. Impulsionado por uma torcida ferozmente animada, o Real, que não contava com o lesionado Breitner e o capitão Pirri, atacou o Bayern desde o início e foi recompensado logo aos oito minutos. O lateral-esquerdo Camacho mandou um passe longo para Martinez na ala esquerda, e quando Beckenbauer não conseguiu afastar, Martinez bateu Sepp Maier. Depois de assumir a liderança no marcador, o Real continuou a pressionar a defesa do Bayern, mas foi atingido no contra-ataque pouco antes do intervalo, quando um passe de Hoeness deixou Muller livre, e 'Der Bomber' finalizou com sua precisão habitual. Apesar de seus melhores esforços, o Real não conseguiu avançar na segunda parte do jogo, e teve de se contentar com um empate em 1 a 1, para levar a Munique. No final do jogo, houve cenas horríveis quando os torcedores da casa tentaram agredir o árbitro austríaco Linemayr, e derrubaram Gerd Muller no chão, enquanto ele tentava proteger o árbitro. Felizmente, ninguém ficou gravemente ferido.

O Bayern, contudo, virou na volta o agregado. Dois gols de Gerd Muller no primeiro tempo, foram suficientes para levá-los à terceira final consecutiva. O Real, com Netzer particularmente destacado no meio-campo, continuou lutando até o fim, mas quando Amancio foi expulso no último minuto por chutar a bola para longe, eles sabiam que a chance havia acabado.

Mais uma vez o Saint-Étienne estaria no caminho do Gigante da Baviera, agora na decisão da Liga dos Campeões de 1975-1976, que aconteceria no Hampden Park, em Glasgow, na Escócia. Com cerca de 30.000 dos 55.000 torcedores vindos da França, o St Etienne foi bem apoiado e esteve muito perto de assumir a liderança do marcador aos 35 minutos, quando Dominique Bathenay desferiu um chute de pé esquerdo de longe bater na trave. O rebote sobrou para Revelli, mas a cabeçada só acertou os braços do goleiro. Cinco minutos depois, Santini cabeceou na mesma trave, dando ao St Etienne a sensação de que aquela poderia não ser a sua noite. Para ser justo, o Bayern também teve oportunidades, sobretudo em um gol duramente anulado no início do jogo, que parecia ter sido incorretamente marcado como impedimento, e quando o goleiro do St Etienne defendeu um chute do jovem Karl-Heinz Rummenigge. No final, o jogo foi resolvido por um único gol. Aos 57 minutos, o Bayern ganhou uma cobrança de falta a cerca de 25 metros após um empurrão de Piazza em Muller, e no chute resultante de Roth, a bola voou para a rede, para dar o título aos alemães.



Ficha Técnica: 



Copa dos Campeões 1975-1976 - Final



Bayern de Munique 1×0 Saint-Étienne


Escalação do Bayern:
Maier; Hansen, Horsmann, Schwarzenbeck e Beckenbauer; Roth, Dürnberger e Kapellmanm; Rummenigge, Gerd Müller e Uli Hoeness. Técnico: Dettmar Cramer.

Escalação do Saint-Etienne:
Curkovic; Repellini, Piazza, Lopez, Janvion; Bathenay, Santini, Larque;P.Revelli, H.Revelli, Sarramagna (Rocheteau).

Gol: Roth 57'.

Árbitro: Károly Palotai (Hungria).


Vídeo da Final: