Era a primeira vez que a maior competição da Europa passava a se chamar Liga dos Campeões, e começava a sofrer os impactos da Lei da UEFA, que impedia as equipes de escalarem mais de três estrangeiros ao mesmo tempo em campo.
O Olympique de Marselha de Marselha dominava o Futebol Francês, mas havia perdido em 1991 a final da UEFA Champions League para o Estrela Vermelha nos pênaltis, falhando na tentativa de trazer enfim a taça da Liga dos Campeões para o Território gaulês, algo que até 1993 nunca havia acontecido.
Para isto, o Marselha melhorou um time que já era muito forte: Contratou o sensacional goleiro Barthez, o centroavante croata Boksic, o bom lateral Angloma, o excelente meia alemão Völler e o grande Marcel Desailly para a zaga. A perda a se lamentar foi a do atacante Papin, vencedor da Bola de Ouro em 1991. Ele foi jogar no Milan.
O OM começou a Liga dos Campeões de 1992/93, eliminando os Norte-Irlandeses do Glentoran, e os romenos do Dinamo Bucaresti. Na sequência, havia uma fase de grupos. Os franceses caíram na Chave A, com Rangers, Club Brugge e CSKA.
A chave foi totalmente equilibrada. O primeiro turno do grupo terminou com Rangers e OM dividindo a liderança com quatro pontos, o Brugge com três e o CSKA com um. No começo do returno, o Marseille aplicou 6 x 0 nos russos, mas viu o Rangers vencer o Brugge, e seguir na perseguição pela vaga. Na rodada seguinte, as equipes se enfrentaram, empatando em 1 x 1 em Marselha, com a decisão ficando para a última partida mesmo. O time da Escócia só empatou em 0 x 0 com o CSKA, e o Marselha agradeceu, pois com a vitória por 1 x 0 sobre o Brugge garantiu a vaga na decisão. No grupo B, o Milan, passou por IFK Gotemburgo (SUE), Porto (POR) e PSV Eindhoven (HOL), vencendo todas as seis partidas que disputou, e também chegando à final.
Era uma final de sonhos. De um lado, craques como Barthez, Angloma, Boli, Desailly, Di Meco, Deschamps, Abedi Pelé, Völler e Boksic, e do outro, os superstars do time Italiano, como Baresi, Maldini, Tassotti, Costacurta, Albertini, Rijkaard, Donadoni e Van Basten, todos sob a batuta do técnico Fabio Capello, um mestre na arte de armar equipes de futebol.
E com um gol do zagueiro Boli, aos 43 minutos do primeiro tempo, o Olimpique de Marselha venceu a partida. Quase 40 anos depois de Gabriel Hanot e o L'Equipe terem a idéia de criar uma Taça dos Campeões Europeus, uma equipe francesa finalmente levaria o troféu para casa. Dias tristes e escândalos viriam pela frente, no entanto.
No caso, o escândalo que os franceses chamariam de Affair VA-OM; um zagueiro do Valenciennes, Jacques Glassmann assegurou ao seu técnico que foi procurado na tentativa de acertar o resultado de uma partida entre o clube e o OM pela Ligue 1. Jorge Burruchaga e Christoph Robert também haviam sido contatados, e supostamente, corrompidos.
Estes dois atletas foram posteriormente suspensos, e o Olympique teve o seu título francês da temporada 1992/93 retirado. O Título Europeu continuou com a equipe, por se tratar de outra competição.
No entanto, a UEFA, para proteger a imagem da Liga dos Campeões, resolveu retirar o Marseille da edição seguinte da competição, e enviar o Vice-Campeão Milan como representante da LC para a Supercopa Européia e o Mundial Interclubes.
Ficha Técnica:
Liga dos Campeões 1992-93:
Olympique de Marselha: Barthez, Angloma (Durand), Di Meco, Boli, Sauzee, Desailly, Eydelie, Boksic, Völler (Thomas), Abedi Pelé e Deschamps. Técnico: Raymond Goethals.
Milan: Rossi, Tassotti, Maldini, Albertini, Costacurta, Baresi, Lentini, Rijkaard, Van Basten (Eranio), Donadoni (Papin) e Massaro. Técnico: Fabio Capello
Local: Estádio Olímpico de Munique, Alemanha.
Gol: 44' Boli (Olimpique de Marselha).
Artilheiro desta edição: Romário (PSV) – 7 gols.