O cenário pré-Copa do Mundo de 2018, se mostrava apocalíptico para o Brasil. Após o famoso episódio do 7 a 1, na inesquecível derrota para a Alemanha em 2014, o trabalho de Dunga durante dois anos foi um drama, com o técnico, em outras condições, não conseguindo repetir o sucesso que obteve entre 2006 e 2010, na frente da Seleção. O processo culminou com a sua demissão, após a eliminação na fase de grupos da Copa América Centenário 2016. A conquista do Ouro olímpico, nos Jogos Rio-2016, com Rogério Micael no comando de um time Sub-23 reforçado por Neymar, tornou a situação um pouco mais confortável para o começo de trabalho de Tite em Agosto de 2016. E o que se viu após o início desta etapa, foi uma completa reversão de expectativas. 

Tite conduziu o Brasil em uma campanha quase perfeita nas eliminatórias. Sob seu comando, a Seleção obteve 32 pontos na complicada eliminatória sul-americana, em apenas 12 jogos, com dez vitórias e dois empates, tendo marcado 30 gols, e sofrido apenas três. Somando os jogos feitos na era-Dunga, o Brasil terminou as eliminatórias com 41 pontos conquistados em 17 jogos, sendo a seleção que mais venceu (11 jogos), a que menos perdeu (1), a de ataque mais positivo (38 gols a favor), e de melhor defesa (11 contra). A estréia de Tite com a seleção se deu justamente em um jogo de eliminatórias, com uma vitória por 3 a 0 sobre o Equador, na complicada  altitude de Quito. Depois, venceu a Colômbia por 2 a 1, e ainda somou oito vitórias em seguida, encerrando o ciclo com um triunfo sobre o Chile em outubro, em território brasileiro.

Com Tite, o Brasil mostrou uma equipe, acima de tudo, organizada e confiante. Alisson seguiu como titular do gol, e na Roma foi evoluindo em todos os aspectos que são exigidos de um goleiro no atual cenário do futebol mundial, aliando um bom jogo com os pés e posicionamento, aos seus já conhecidos reflexos. Daniel Alves e Marcelo retomaram a titularidade nas laterais, e foram os responsáveis pela amplitude da equipe, mas a lesão do ala direito pré-Copa, fará com que outro atleta cumpra sua função. A zaga teve Miranda e Marquinhos como dupla titular na maioria dos jogos, por vezes com um dos dois dando lugar à Thiago Silva. Casemiro se firmou como o volante "trinco" titular, e Paulinho e Renato Augusto, homens de confiança de Tite, viraram os interiores titulares do 4-1-4-1, que varia para o 4-3-3, em fase ofensiva. Eles sabem o momento certo de serem agressivos, mas também de se afastar da bola, e deixar a circulação da mesma para os homens de maior qualidade técnica. Neymar e Coutinho são os pontas, na verdade falsos pontas, já que vem para o meio, com Gabriel Jesus virando o centroavante titular indiscutível, que a Seleção não tinha desde Ronaldo. E assim como Carlo Ancelotti e Lucien Favre, Tite gosta de fazer uma saída de bola estruturada, atraindo a marcação do rival ao seu campo, para gerar espaços para Coutinho, Neymar e Jesús. 

Sobram opções de qualidade no elenco, com Willian e Firmino, por exemplo, sendo jogadores que podem ser introduzidos na equipe, e alterar o sistema tático. Paulinho é um interior físico, de chegada na frente, enquanto Renato Augusto fica mais na base da jogada, sendo o complemento ideal para um vertical Marcelo. Neymar e Coutinho são na prática ponta-armadores. A saída de Renato ou Paulinho, ou até dos dois para a entrada de Fernandinho e/ou um atacante, pode mudar o esquema tático para o 4-2-3-1, com a presença de um ponta de amplitude, como Willian, e um lateral-direito interior, por exemplo. Tite tem opções, mas precisa realmente de alternativas, para melhorar, em especial, o ataque em posicional. Em amistosos contra seleções que atuam com uma linha de cinco jogadores atrás, em cenários como encontrou contra Argentina e Inglaterra em recentes amistosos, onde não venceu, e até mesmo no primeiro tempo contra a Rússia, o Brasil pode ter dificuldades, e sofrer.

Qualquer coisa que não seja estar entre os quadrifinalistas da Copa do Mundo, será um fracasso para o Brasil, que tem plenas condições de estar nas semifinais. Um duelo semifinal contra um rival físico, como a França, assim como uma Final de Copa, é algo impossível de se fazer prognóstico, dado todas as variações de cenário, que estas situações apresentam.



Sistema Tático: 4-1-4-1
Craque: Neymar (PSG)
A esperança: Gabriel Jesus (Manchester City)
Técnico: Tite


Time-base: Alisson; Danilo, Marquinhos, Miranda e Marcelo; Casemiro, Paulinho, Renato Augusto; Philippe Coutinho, Neymar, e Gabriel Jesus.



Lista de Convocados para a Copa do Mundo 2018:


Goleiros: Alisson (Roma, ITA), Ederson (Manchester City, ING) e Cássio (Corinthians).

Defensores: Danilo (Manchester City, ING), Fagner (Corinthians), Marcelo (Real Madrid, ESP), Filipe Luís (Atlético de Madrid, ESP), Miranda (Internazionale, ITA), Marquinhos (Paris Saint-Germain, FRA), Thiago Silva (Paris Saint-Germain, FRA) e Geromel (Grêmio).

Meio-campistas: Casemiro (Real Madrid, ESP), Fernandinho (Manchester City, ING), Paulinho (Barcelona, ESP), Renato Augusto (Beijing Guoan, CHN), Fred (Shakhtar Donetsk, UCR), Philippe Coutinho (Barcelona, ESP) e Willian (Chelsea, ING).

Atacantes: Neymar (Paris Saint-Germain, FRA), Douglas Costa (Juventus, ITA), Gabriel Jesus (Manchester City, ING), Roberto Firmino (Liverpool, ING) e Taison (Shakhtar Donetsk, ING).







Imagem: FIFA.com