A História do El Clásico - Real Madrid x Barcelona


A História do El Clásico: Real Madrid x Barcelona



Vários nomes, uma só emoção. El Clásico, 'The Classic' ou simplesmente Real Madrid x Barcelona. Não importa como você chama, apenas como você sente o jogo que é na atualidade, o confronto mais aguardado pelo público depois das principais partidas da Copa do Mundo e da UEFA Champions League. Aliás, a expressão Jogo de Futebol parece pouco, perto da magnitude deste embate, que carrega em si toda a história e o orgulho de dois povos.

Para muitos, El Clásico é a continuação da Guerra Civil Espanhola. Para outros uma benção do céu, que sempre foi o palco de alguns dos maiores nomes da história o futebol ao longo dos tempos: Santiago Bernabéu, Alcântara, Samitier, Di Stefano, Puskas, Gento, Cesar, Suarez, Kubala, Fuste , Pirri, Cruyff, Maradona, Butragueño, Sanchez, Bakero, Laudrup, Suker, Raul, Zidane, Casillas, Rivaldo, Romário, Koeman, Guardiola, Stoichkov, Hagi, Figo, Ronaldo, Beckham, Ronaldinho, Xavi, Iniesta, Cristiano Ronaldo, Messi, Dí Maria, Neymar, Suárez.

O Real Madrid foi fundado por Estudantes oriundos da Inglaterra em 1902. É comum ver o Real Madrid relacionado à alta classe madrilenha e a realeza, especialmente após 1920, quando o rei Afonso XIIII deu o título da realeza à equipe, concedendo o uso do nome Real e da Coroa no emblema.
Já o Barcelona foi fundado pelo suíço Hans-Max Gamper Haessig, conhecido na Catalunha como Joan Gamper. Um praticante do futebol, que também chegou a se aventurar no Rugby, ele se mudou para Barcelona em 1898, onde foi fundador da revista Los Deportes, na qual publicou a intenção de fundar um novo clube de futebol na cidade. A partir deste anunciado, 11 fanáticos compareceram ao endereço apresentado para o comparecimento dos interessados na matéria, dando origem ao hoje Gigante clube Catalão.

Apesar das distâncias entre Madrid e Barcelona separarem as duas agremiações, a representação das duas as aproximam. O Barça é o orgulho Catalão,  enquanto o Real representa o nacionalismo espanhol. Para se ter uma idéia, em 1936, perto do início da Guerra Civil Espanhola, as tropas do general Franco, um então futuro ditador fortemente ligado ao Real Madrid, prenderam e executaram sem julgamento, o presidente do Barcelona, ​​Josep Sunyol i Garriga. Em abril de 1939, quando Franco chegou ao poder, seus aviões bombardearam Barcelona, e os dialetos e costumes regionais, incluindo a língua catalã e a bandeira da Catalunha, tiveram seu uso proibido.

Johan Cruyff recebidos pelo Regime


Franco também obrigou o Barcelona a mudar seu nome, para Club de Futbol Barcelona, e os jogadores do Barça foram obrigados a fazer a saudação fascista durante o hino nacional antes da Final da Copa do General de 1942 (algo que também aconteceu com os ​​jogadores do Athletic Bilbao, forte marca do orgulho basco).
Franco tentou utilizar o Real como símbolo da força espanhola, se apoiando também em todo o seu sucesso para fortalecer a sua imagem, algo que Hitler já havia feito na Alemanha com o Schalke 04.
Os confrontos entre Real Madrid e Barcelona, no entanto, datam do começo do século passado, se iniciando bem antes da Era Franco. O primeiro deve ter acontecido por volta de 13 de maio de 1902, na semi-final da Copa de la Coronación, um torneio amistoso, que foi o grande o precursor da atual Copa do Rei. A partida foi disputada no Hipodromo de Madri e teve o Barça como vencedor. Já a primeira partida pela Liga Espanhola aconteceu no dia 17 de Fevereiro de 1929, e teve o Real vencendo por 2 x 1.

Lionel Messi e Cristiano Ronaldo

Um dos melhores "El Clasicos" da História foi sem dúvida o empate em 5 x 5, ocorrido no dia 10 de janeiro de 1943, mesmo ano da maior goleada do confronto, um 11-1 do Real no dia 13 de junho de 1943. Já a maior goleada do Barcelona foi um 7 x 2 na temporada 1950/51.

Em 1916, Real Madrid e Barcelona se enfrentaram nas semifinais da Copa do Rei. Sem desempate por prorrogação e pênaltis na época, foram necessários incríveis quatro partidas para as duas equipes desempatarem o confronto. E após quatro jogos  e muita polêmica, o Real foi quem se classificou para a decisão, onde acabou derrotado pelo Athletic Bilbao, em outro confronto cheio de rivalidades entre regiões hispanas.

A História do El Clásico - Real Madrid x Barcelona

Os anos de 1950 foram uma marco na História desta grande rivalidade. Sobretudo por conta de um nome: Alfredo Di Stéfano. Após uma greve geral de jogadores na Argentina, seu país natal e onde defendia o River Plate, ele foi atuar no Milionários de Bogotá. Depois disto chegou a acertar sua ida para o Barcelona. Só que o presidente do Real Madrid, na época, Santiago Bernabéu, acabou atravessando a negociação, com uma “mãozinha” do General Franco. A questão foi parar até na FIFA, que determinou que Di Stéfano atuaria dois anos no Real e dois anos no Barça, que não aceitou a condição. Com isto, "la Saeta Rubia" foi mesmo para o Real, onde foi pentacampeão europeu em sequência, marcando gols em cinco finais consecutivas de Liga dos Campeões, algo que é improvável que alguém algum dia consiga de novo. Tivesse ido para o Barça, talvez os Culés não tivesse sido campeões europeus pela primeira vez apenas em 1992.
Na década de 60, um confronto que ficou marcado foi o famoso jogo das Garrafadas. Em 1968, o Barça derrotou o Real pela final da Copa Del Generalísimo, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid. Os torcedores merengues jogaram garrafas em campo para impedir os Culés de darem a volta Olímpica, devido à supostos erros de arbitragem durante a partida.
Já na Década de 1970, um novo Gênio fez parte do El Clásico: o craque holandês Johan Cruyff. Em 17 de fevereiro de 1974, Cruyff comandou uma goleada de 5 x 0 do Barça sobre o Real no Santiago Bernabéu, com uma atuação fantástica.
Se nomes como Maradona, Valdano, Hugo Sanchez e Gary Lineker brilharam no Clássico nos anos 80, os mesmos foram tempos de, sobretudo na segunda metade, predominância merengue. O equilíbrio retornaria nos anos 90, que também seriam marcados por goleadas. Michael Laudrup esteve presente tanto no 5 x 0 do Barcelona no Camp Nou, em 8 de Janeiro de 1994, marcado por um hat-trick de Romário, quanto no dia 7 de janeiro de 1995, quando o Real, no Santiago Bernabeú devolveu o 5 x 0, com hat-trick de Zamorano.

Mais para o fim desta Década, Florentino Perez assumiu a presidência do Real Madrid, dando início a chamada "Era Galática". Entre o fim dos anos 90 e o começo dos anos 2000, Luis Figo, Zinedine Zidane, Ronaldo e David Beckham, entre outras estrelas, desembarcaram no Santiago Bernabeú. Este, logicamente foi mais um período de predominância merengue. Chamam a atenção, no entanto, dois Clássicos. Primeiro, uma partida em que uma cabeça de Porco foi atirada no Campo, em retalhamento à Luis Figo, que havia trocado o Barça pelos merengues. Além deste confronto, as duas equipes também se encontraram na Semi-final da Liga dos Campeões 2001-2002, vencida pelo Real com um 3 x 1 no agregado. Na decisão, os merengues bateram o Bayer Leverkusen, e ficaram com a taça.




Apenas em 2003, o Barça voltaria a ter capacidade de bater de frente com o Real, especialmente após o presidente Joan Laporta, em uma jogada de mestre, levar Ronaldinho Gaúcho para o Camp Nou. O dentuço será sempre lembrado pela conquista dos dois Campeonatos Espanhóis, da Champions League 2005-2006, mas especialmente, pelo El Clásico em que saiu aplaudido de pé pela torcida do Real no Santiago Bernabéu, na noite espanhola do dia de 19 de Novembro de 2005. "Dinho" marcou dois golaços na goleada de 3 x 0 do Barcelona, que ainda teve um tento oriundo de uma linda tabela entre Messi e Samuel Eto'o.

O tempo chega para todos, e com a decadência de nomes como Ronaldo, Zidane, Ronaldinho e Deco, o El Clásico perdeu um pouco de Glamour por um tempo, também sofrendo a concorrência com os duelos da Premier League, que dominava a Champions League na época. O grande momento nesta época foi o empate em 3 x 3 no dia 10 de março de 2007, jogo que teve um hat-trick de Lionel Messi, contando com gol de empate no último minuto.

Já em 2008, Guardiola assumiu o comando do Barça, montando a equipe que recolocaria o foco do Mundo da Bola na Liga Espanhola. No primeiro semestre de 2009, esta equipe deu uma grande mostra de seu poderio aplicando um sonoro 6 x 2 nos merengues. Neste mesmo ano, Cristiano Ronaldo desembarcou no Santiago Bernabéu, se transformando na época na contratação mais cara da história do futebol, e dando início à uma nova Era nesta História de rivalidade.
Luta Real Madrid - FC Barcelona.jpg
Cristiano Ronaldo se transformou em um dos grandes algozes do Barcelona, assim como Messi já o era do Real. Quando José Mourinho assumiu como treinador do Real Madrid, uma rivalidade com Pep Guardiola se fez inevitável, em duelos que ficariam marcados para sempre. A temporada 2010/11, a primeira do "Special One" no Santiago Bernabéu, teve cinco clássicos. O primeiro foi vencido pelo Barcelona, ainda em 2010. Já em abril de 2011, tivemos a marca de quatro duelos em 18 dias. No confronto do Campeonato Espanhol, tivemos um empate, que facilitaria aos Culés o título daquela temporada. Na Copa del Rey, vitória merengue na prorrogação por 2 x 1, com gol de CR7. E na Liga dos Campeões, duas semi-finais de tirar o fôlego.

Na ida, vitória Culé em Madri por 2 x 0, com Show de Lionel Messi. Na volta, empate em 1 x 1 e vaga para o Barça na decisão. O clube Catalão, lá derrotou o Manchester United por 3 x 1, no Místico Estádio de Wembley, conquistando desta forma seu quarto título de Campeão Europeu.

O ano de 2012 também marcou bons duelos entre as duas equipes, mas também foi o da saída de Guardiola do Camp Nou. José Mourinho deixou o Real em 2013, e em seu lugar assumiu Carlo Ancelotti, que conduziu o clube à "La Décima" UEFA Champions League, e a mais uma conquista da Copa do Rei batendo o Barcelona na final, com golaço de Bale na prorrogação.

Barcelona x Real Madrid a história do El Clásico

Em 2015, o ano voltou a ser do Barcelona. O clube Blaugrana conquistou o seu segundo triplete na história, além de ter vencido a Supercopa e o Mundial de Clubes, vencendo o Real Madrid nos dois "El Clásicos'. Se o primeiro foi um 2x1 bastante brigado, o segundo foi un Show de futebol: um 4x0 sobre o Real em pleno Santiago Bernabéu, com grande atuação de Andres Iniesta, que saiu aplaudido de campo. Messi estava lesionado, e só jogou uma parte do segundo tempo, deixando a tarefa de comandar o ataque para a dupla Neymar e Suárez.



Veio 2016, e o ídolo Zidane assumiu o comando técnico do Real Madrid. Ele reorganizou o grupo, concertou erros de seu antecessor Rafa Benítez, e levou os blancos à conquista de "La Undécima", a 11º conquista de Champions League. Não dá para dizer que a temporada 2015/16 do barcelona foi ruim, mesmo vendo o rival ser campeão da Europa. O clube blaugrana conquistou o doblete nacional vencendo o Campeonato Espanhol e a Copa do Rei. Mas em 2016/17, foi o Real quem ficou com as taças de La Liga, e da Liga dos Campeões da Europa (sua 12º na história), com o Barcelona se contentando apenas com a Copa do Rei. Em 2017/18, o Barcelona se sagrou campeão de La Liga e da Copa do Rei, e o Real Madrid, mais uma vez, foi campeão da Champions.


Em jogos oficiais, há equilíbrio completo. O Real Madrid soma 935 vitórias, contra 96 triunfos do Barcelona, além de 50 empates, em 233 partidas. No total, os merengues marcaram 396 gols, contra 398 do Barcelona. O maior artilheiro do dérbi é Lionel Messi, com 24 gols até o momento. Di Stéfano é o maior artilheiro do Real Madrid com 18 gols. Messi também é o jogador com mais assistências no Clássico, já tendo servido os companheiros 14 vezes para marcarem contra o Real.


Os Vira-casaca


No total, 33 jogadores já vestiram a camisa tanto de Real, quanto de Barcelona. Nenhum gerou tanta revolta quanto Figo, causando até o supracitado caso da cabeça de porco.

Confira a lista:


Maiores goleadas do Real Madrid



No Santiago Bernabéu: 8 a 2 na temporada 1934/1935
No Santiago Bernabéu: 11 a 1 na Copa 1942/1943
No Santiago Bernabéu: 6 a 1 na Temporada 1949/1950
No Camp Nou: 6 a 2 na temporada 1950/1951
No Camp Nou: 9 a 0 na temporada 1951/1952
No Santiago Bernabéu: 7 a 1 na copa 1951/1952
No Camp Nou: 6 a 1 na temporada 1952/1953
No Camp Nou: 8 a 3 na copa 1952/1953
No Santiago Bernabéu: 5 a 0 na temporada 1953/1954
No Santiago Bernabéu: 5 a 0 na temporada 1994/1995


Maiores goleadas do Barcelona

No Camp Nou: 5 a 0 na temporada 1934/1935
No Camp Nou: 5 a 0 na temporada 1944/1945
No Camp Nou: 7 a 2 na temporada 1950/1951
No Camp Nou: 6 a 1 na Copa 1956/1957
No Santiago Bernabéu: 5 a 0 na temporada 1973/1974
No Camp Nou: 5 a 0 na temporada 1993/1994
No Camp Nou: 5 a 0 na temporada 2010/2011
No Santiago Bernabéu: 6 a 2 na temporada 2009/2010


Maior empate

5 a 5 em 10 de Janeiro de 1943 no Estádio Camp Nou



Fonte do Gráfico: Wikipédia