Poucas vezes Guardiola levou um nó tático em sua carreira. Nem mesmo a derrota de 3x0 do seu Bayern para o Barcelona de Luís Enrique pode entrar nesta categoria. As eliminações contra Internazionale e Chelsea (quando comandava o Barcelona) e Real Madrid e Atlético (quando comandava o Bayern), mais um ou outro jogo de liga nacional, talvez possam entrar nesta conta, mas o fato, é que a partida contra o Tottenham, neste Domingo, foi emblemática para o treinador espanhol.
Os Spurs derrotaram o Manchester City de Pep por 2x0, tiraram a invencibilidade e o 100% da equipe na Premier League, e o mais fantástico, é que sem se retrancar, sem colocar o ônibus na frente da área. Mauricio Pochettino armou o seu time para usar contra os Citizens as mesmas armas que Guardiola e seus times costumam usar: a marcação pressão alta no campo do adversário, o ataque com velocidade, os toques rápidos, e as ações incisivas, que se tornam fatais.
O triunfo conquistado no White Hart Lane foi mais tático, do que de superioridade técnica absoluta.Os 11 homens de Pochettino estiveram em um nível fantástico de atuação, e consequentemente conseguiram minimizar tanto as individualidades quanto o jogo coletivo do City. A saída com toques da defesa se transformou em chutões, facilmente amparados por Victor Wanyama, um gigante à frente da zaga. Ainda na frente, Heung-Min Son e Lamela já não deixavam a zaga respirar, com Moussa Sissoko impedindo a saída de bola pelo lado direito, e Dele Alli se desdobrando para ocupar os espaços. Com a bola, os mesmos eram os virtuosos de sempre, amparados pelo ótimo trabalho de Christian Eriksen na organização, sempre encontrando um companheiro livre e ajudando na valorização da posse quando obtida.
Sem De Bruyne no meio, Guardiola adiantou Fernandinho e colocou Fernando na frente da zaga. Conseguiu piorar a equipe nas duas posições, enquanto o mais indicado seria a simples entrada de Gundogan. Kolarov mais uma vez esteve perdido, e Zabaleta ficou perdido, sem saber se atacava ou defendia. Aguero tinha que recuar muito para buscar o jogo, e quando pegava na bola estava 40 metros longe do gol, e não aonde é letal. Sem amplitude pelo meio e pelos lados, o City não se encontrava em campo. Pep Guardiola levou, pela primeira vez na carreira, um nó tático de alguém que tem idéias similares às suas. Isto não diminui em nada Pep, mas mostra ainda mias que Pochettino é hoje um dos melhores treinadores do planeta. E ter gente boa trabalhando na melhor liga do mundo, é sempre bom.
O nervosismo do City, ao se ver apertado e começar dar chutões, pode ser considerado normal. Guardiola ainda está colocando suas idéias em prática, e o começo de trabalho e adaptação pode ser considerado até acima das expectativas. A era Pep no City está apenas no começo, há coisas para serem aperfeiçoadas, e serão. A vitória do Tottenham muito mais tem a ver com a força dos Spurs, que mostraram de uma vez por todas que são sim sérios candidatos ao título, mais uma vez.
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