Há 40 anos o Torino voltava a conquistar o Campeonato Italiano, pela primeira – e última – vez após a tragédia da Superga. A famosa tragédia aérea de 1949, vitimou toda a equipe do Toro que dominou o futebol italiano entre o final dos anos 40 e os anos 50, encantando a Europa com um futebol ofensivo e que dava gosto de assistir.
O Grande Torino
A partir da temporada 1942/1943, o Torino apresentou ao mundo um dos maiores esquadrões da história do futebol. Até então, o clube grená havia conquistado apenas um campeonato italiano, na temporada 1927/1928, além de uma Copa Itália antes da 2º Guerra Mundial. Logo no primeiro ano do time conhecido como Grande Torino, o Toro fez a dobradinha, conquistando de uma vez o Campeonato e a Copa do país da bota. As temporadas italianas de 1943/1944 e 1944/1945 foram canceladas devido ao auge da II Guerra Mundial, o que impediu o clube de fazer ainda mais história.
A parada não fez mal ao Torino, que voltou mais forte ainda para a temporada 1945/46. Treinado pelo húngaro András Kuttik, e liderado em campo pela dupla Mazzola e Gabetto, o Toro foi a primeira grande equipe da Europa pós-guerra.
Mas, foi na Temporada de 1947/1948, que o grande time grená impôs os seus maiores recordes, consolidando a construção do mito. Naquela época, o Torino alcançou impressionantes 65 pontos no Campeonato Italiano, sendo que a vitória valia apenas dois. Ainda estabeleceu uma vantagem final de 16 pontos de vantagem para o vice-campeão, se tornado também o ataque mais positivo em toda a história da Liga italiana, com 125 gols, média de 3,787 gols por jogo.
Dois jogos foram emblemáticos naquela campanha vitoriosa. Primeiro, a equipe aplicou a maior goleada de um time mandante na história da Serie A: um 10x0 sobre o Alexandria. Também aplicou a maior goleada de um vistante: um 7x0 sobre a Roma, na capital italiana.
Contudo, veio o grande desastre. No dia 4 de maio de 1949, após disputar um amistoso contra o Benfica em Lisboa, o avião que transportava a delegação da equipe grená chocou-se contra a Basílica de Superga.
No mesmo dia da catástrofe, em honra ao brilhante Torino da época, a seus jogadores e membros da comissão técnica, declarou-se o clube vencedor da Liga. Nos funerais dos jogadores compareceram cerca de 500.000 pessoas, mas depois do luto nacional, e ante a comoção universal, a equipe juvenil substituiu por completo à equipe profissional para jogar as quatro partidas pendentes. Em um gesto de compaixão, os adversários também escalaram juvenis, para não se aproveitar das consequências da tragédia granata.
O pós-tragédia
Foram 27 anos de sofrimento para o torcedor grená, tendo como o pior momento o primeiro rebaixamento para a Serie B, em 1959. Apenas entre a segunda metade dos anos 60 e o começo dos anos 70, o Torino voltou a ser forte, conquistando duas vezes a Coppa Italia, e sendo vice-campeão da Série A em 1972-1973. Faltava pouco para o time voltar ao topo da Itália, e colocar um fim naquela época de momentos complicados.
Na temporada 1974-1975, o Torino comandado pelo jovem treinador Luigi Radice, fez mais uma boa campanha, parecendo cada vez mais pronto para voltar ao topo da Itália.
A temporada 1975-1976 do Calcio se mostrava difícil. Juventus, Milan e Internazionale possuíam equipes consideradas das melhores da Europa, e o Napoli já vivia uma grande ascenção. Pensando nisto, Luigi Radice fez uma grande reformulação em seu elenco.
O time coneçava pelo goleiro Castellini. Na lateral-direita, atuava Nello Santin, com Roberto Salvadori pela ala esquerda e Caporale é Roberto Mozzini formando a dupla. Do meio para frente, um 4-3-3 bem armado, seguindo a escola vencedora do clube. O jovem Patrizio Sala era o volante, com a dupla Eraldo Pecci e Renato Zaccarelli responsável por armar as jogadas para o trio de ataque, que contava com Claudio Sala, o craque do time, responsável pelo drible e o talento individial, oposto dos goleadores Francesco Graziani e Paolino Pulici, que se impunham pela força física. Estava montado um esquadrão, pronto para fazer história.
Após um começo instável, o Torino fez uma campanha de recuperação, especialmente após a vitória no Derby della Mole contra a Juventus. Em contrapartida, o Napoli, que começou muito bem a competição, foi caindo de rendimento, e perdendo a chance de levantar o seu primeiro Scudetto.
Contudo, a Veccia Signora ainda conseguiu abrir uma boa vantagem na ponta, e chegou nas últimas rodadas com boas chances de ser campeã. Mas tropeçou quando não podia, e deu a oportunidade para o Torino, assumir a ponta, e chegar na última rodada, disputada no dia, 16 de maio de 1976, com um ponto de vantagem na liderança.
O empate em casa do Toro contra o Cesena, poderia ter custado o campeonato, mas a Juventus não conseguiu tirar proveito ao perder para o Perugia. O Torino voltava a conquistar o tão sonhado Scudetto, para a alegria da nação granata, que também voltava a sorrir após anos de sofrimento.
O que aconteceu depois do último título
Na temporada seguinte, o Torino enfim faria a sua estréia na Copa dos Campeões, onde chegou a elimina çr o Malmö na primeira eliminatória. Porém, acabou eliminado nas oitavas de Final, perdendo para o lendário Borussia Mönchengladbach de Jupp Heynckes e Allan Simonsen, vice-campeão daquela edição, só caindo na decisão diante do Liverpool.
No Campeonato italiano, mais uma vez Torino e Juventus brigaram pela taça, desta vez com final feliz para o lado bianconero. Futuramente, o Toro ainda brigaria pela taça na temporada 1984/85, mas acabou sendo surpreendido pelo Hellas Verona. Sua melhor campanha continental aconteceu na Copa da UEFA 1991/92, quando só caiu na decisão diante do forte time do Ajax, empatando em 1x1 em Turim e 0x0 em Amsterdã, perdendo o título no critério dos gols marcados fora-de-casa. Em 1993, o Torino foi campeão da Copa da Itália goleando a Roma na final por 5x2, naquele que foi o seu último grande título.
A partir daí, o inferno acabou voltando. Veio mais uma queda para a segunda divisão, e mesmo após o acesso, o clube nunca mais voltou a disputar o título italiano. O que de melhor conseguiu foi participar da Liga Europa 2014/15, onde chegou nos mata-matas, fazendo uma campanha bem honrosa.
Mesmo sem um passado recente de grandes brilhos, o Torino ainda é o 5° colocado na tabela histórica do Campeonato Italiano, e detém até hoje inúmeros recordes supracitados na competição, onde levantou a taça sete vezes. Apenas Genoa, Milan, Internazionale e Juventus possuem mais Scudettos que o toro.