Poucos times encantaram tanto o torcedor francês nos últimos anos, como o inesquecível Nantes dos anos de 1990. A equipe viveu uma mágica temporada 1994-1995, onde fez história. Os nantais conquistaram o seu 7° título da Ligue 1, com um então recorde de 32 jogos sem perder, e possuindo a melhor defesa e o melhor ataque.
Ao todo, o Nantes somou 79 pontos, com 21 vitórias, 16 empates e uma derrota, marcando 71 gols e sofrendo 34 tentos. No começo da década, o clube estava mergulhado em dívidas, e quase foi à falência. A situação só melhorou após o executivo Guy Scherrer, especialista em finanças, assumir a presidência do clube. Mesmo com a perda de peças importantes como Marcel Desailly e Paul Le Guen, ele não foi ás compras, e apostou na base, sendo amplamente recompensado.
O escolhido para liderar o projeto, foi o técnico Jean-Claude Suaudeau. Ídolo do clube nos anos de 1960, ele era volante no time bicampeão francês nas temporadas 1964-1965 e 1965-1966, e ainda dirigiu o clube na conquista da Ligue 1 1982-1983. Com seu estilo de jogo ofensivo, ele se tornou uma referência , e contratado em 1991, foi mantido no cargo para a transição.
O Nantes de Suaudeau não era um time cheio de estrelas, mas praticava mesmo assim um jogo vistoso. A marcação pressão na saída de bola dos adversários dificultava muito as coisas, e era a chave para a retomada da posse de bola. Com a bola, o esquema 4-1-4-1 era a base da idéia de manter a posse, mas de uma maneira vertical. Os toques aconteciam no campo do adversário, de maneira simples, sem firulas. O que muito se cobra das equipes hoje, o Nantes já fazia há mais de 20 anos atrás.
Se não foi um time que contratou estrelas, o Nantes formou várias delas. O defensor Christian Karembeu, contratado ainda com idade de categoria de base, se tornaria futuramente, um dos melhores do mundo na posição. No meio-campo, Claude Makélélé era o pulmão, mas a referência técnica era Reynald Pedros. Mais à frente, Patrice Loko era o jogador capaz de fazer a diferença e abrir as defesas. O chadiano Japhet N'Dora era um jogador extremamente forte e inteligente, enquanto Nicolas Ouédec era o encarregado de marcar os gols.
O time jogava por música, e com uma simplicidade que era complicado de assimilar. A única derrota da equipe na Ligue 1 inteira foi para o Strasbourg, na 33ª rodada. Assim, o time não deu chances para os concorrentes, terminando a competição com 10 pontos a mais que o vice-campeão Lyon, e 12 pontos a mais que o Paris Saint-Germain, equipe que mais investia no futebol francês na época, e terminou apenas na terceira colocação.
O Nantes priorizou totalmente a Ligue 1 nesta temporada 1994-1995, fazendo uma campanha apenas modesta nas Copas nacionais. Na Copa da UEFA, os nantais foram eliminados apenas nas quartas de final pelo Bayer Leverkusen, após perder por 5x1 na Alemanha, e empatar em 0x0 em casa. A equipe, contudo, voltaria para a Europa na temporada seguinte, para fazer história. O time chegou nas semifinais da UEFA Champions League.
Mesmo caindo em um grupo complicado, com Porto, Panathinaikos e Aalborg, os canários não se intimidaram, e passaram de fase. Na etapa de quartas de final, o time eliminou o Spartak Moscou, só caindo nas semifinais diante da Juventus, após uma derrota por 2x0 em Turim, e uma vitória de 3x2 na França.
A boa campanha na Champions League, fez com que o Nantes caísse de rendimento na Ligue 1. Aos poucos, as principais peças foram deixando o clube, até a saída do técnico Suaudeau na temporada 1996-1997. O Nantes voltaria a montar um grande time na virada do século, conquistando a Ligue 1 2000-2001. Logo depois, a França viu a tomada de um longo período de hegemonia do Lyon, que conquistou o histórico heptcampeonato consecutivo. A partir de 2013, o Paris Saint-Germain, com o investimento árabe, foi quem passou a dominar a liga. Ficou complicada a vida do Nantes, que apenas sonha em um dia voltar ao topo do país.
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