O projeto esportivo do Sevilla, é algo grande. Não no sentido financeiro, mas na concepção de futebol. O ex-diretor do clube, Ramón Rodríguez Verdejo, o “Monchi”, fez por anos um trabalho espetacular de garimpo, colocando jogadores sempre interessantes à disposição de treinadores que seguem uma linha. O guru do mercado da bola fez várias vezes negócios que deram lucro, e o passo seguinte foi buscar um treinador que seguisse uma linha avançada, para consumar o projeto dentro de campo. Marcelo Bielsa era o sonho do clube, mas acabou nunca acertando com a direção blanquirroja. Unai Emery foi o escolhido para começar uma metodologia, que ficou clara após a chegadas dos mais famoso discípulo do Bielsismo, Jorge Sampaoli, no começo da temporada 2016-2017. O argentino conseguiu, de fato, subir o clube de patamar, mas acabou deixando a Andaluzia para comandar a seleção argentina. Seu substituto, foi um compatriota: Eduardo “Toto” Berizzo.



Sem fugir muito às características buscadas em Sampaoli, Berizzo também tem muito do Bielsismo. Ele foi auxiliar técnico de Bielsa entre 2007 e 2010, na Seleção Chilena. Em seu histórico trabalho no Celta de Vigo, Berizzo levou a equipe às semifinais da Europa League passada, atuando sempre dentro do estilo de jogo baseado em posse de bola e marcação pressionada, na busca por roubos em zonas o mais adiantadas o possível. Berizzo, não gosta tanto de esquemas com três zagueiros, como ocorre com Bielsa e Sampaoli, e atuava no Celta, geralmente em um 4-2-3-1, sem o camaleonismo das equipes dos técnicos anteriormente referidos. Sim, este não é o melhor sistema de jogo para o domínio das ações, mas nem toda a equipe tem condições de variar de um sistema tático para outro dentro do jogo, e assim, também é possível melhor se adaptar às circunstâncias de jogo, podendo recuar um pouco o time buscando a transição rápida.

Até aqui, seu grande objetivo, é manter o nível do Sevilla alcançado por Sampaoli. Para isto, o Sevilla foi ao mercado, recentemente, buscar peças capazes de manter uma boa qualidade de elenco. O lateral-direito francês Sébastien Corchia veio para substituir Mariano, que foi para o Galatasaray, e pode ser considerado uma ótima opção. Nolito e Navas chegam para os extremos do campo, onde a equipe perdeu Vitolo para o Atlético de Madrid, além de Jovetic, que podia atuar por ali, mas voltou à Internazionale após o encerramento do período de empréstimo. Mais para a contenção Guido Pizarro veio do futebol mexicano com a missão de ser mais um Pivote no elenco, após Kranevitter não obter o desempenho esperado na temporada passada. Ever Banega chega para dividir a função de criação com Nasri, sobrecarregado na temporada passada. Aqui, a questão é saber como os dois irão lidar com o trabalho de pressão no meio que Berizzo gosta de implantar em suas equipes, buscando o roubo em zonas adiantadas para intensas transições. Berizzo irá reencontrar Michael Krohn-Dehli, jogador com o qual trabalhou nos tempos de celta, também tendo Steven N’Zonzi para atuar em diversas áreas do setor de meio.

Na zaga, a grande aquisição foi a do zagueiro dinamarquês Simon Kjaer. Mais para frente, o nome contratado foi o do atacante colombiano Luis Muriel, que é outra incógnita. Com problemas físicos e táticos no decorrer da carreira, o delantero terá de superar estas questões caso queira trabalhar bem com Berizzo. O trabalho dos atacantes, com e sem a bola, são fundamentais nas equipes dele, como podemos relembrar no Celta com Aspas e Guidetti. Muriel tem talento, mas é de fato uma jóia, tão valiosa, quanto frágil. Neste sentido, o trio Franco Vázquez, Joaquín Correa e Pablo Sarabia deve se adequar melhor ao modelo empregado.

Também é esperado que Berizzo suba alguns jogadores da base, algo que Sampaoli acabou de fato não fazendo totalmente. Agora, é aguardar o decorrer da temporada, e como será o trabalho deste Sevilla de Berizzo, que já gera expectativas de maneira antecipada.



Imagem: Sevilla