O Valencia, desde a metade da década passada, vem vivendo de altos e baixos, e maus baixos do que altos, num passado recente. Os Ches, com problemas financeiros, foram adquiridos por um grupo de Cingapura, que não resolveu todas as questões adminu, e ainda levou vários problemas ao campo.

Durante as últimas duas temporadas, o Valencia tem contratado bons nomes de jogadores no mercado, mas as apostas em técnicos, mesmo experimentados como Cesare Prandelli, não surtiram efeito. Não de graça, várias trocas de comando ocorreram neste período.

Também desde a metade da década passada, o treinador Marcelino García Toral começou a se destacar no cenário do futebol espanhol, ainda comandando o Recreativo Huelva, que ele quase colocou na Copa da UEFA. Recentemente, também realizou um ótimo trabalho no Villarreal, assumiu o comando do Submarino Amarillo na segunda divisão espanhola, e o colocou na Liga dos Campeões, em apenas três anos e meio depois, com um futebol marcado pela solidez defensiva. Contratado pelo Valencia, Marcelino não tentou emular no Mestalla o que fez no El Madrigal, mas sim adaptou suas ideias ao elenco, fazendo, acima de tudo, o elenco e a torcida acreditarem que é possível sim voltar a lutar pela ponta do futebol espanhol.

Este Valencia de Marcelino Gacia se caracteriza por defender bem os espaços, sempre com quatro homens, e executar a transição ofensiva e o jogo exterior com muita qualidade. O time é armado em um 4-4-2, com duas linhas, e o único jogador que sai da segunda linha para pressionar, e não prioriza a marcação ao espaço com relação ao roubo é o volante Kongdobia. Os demais atletas marcam sempre o espaço. Contudo, a intenção também é não passar o jogo todo com as linhas muito baixas, encostadas ao gol defendido pelo goleiro brasileiro Neto. E se no Villarreal, Marcelino buscava um ritmo cadenciado aliado à solidez defensiva, nos Blanquinegres tem buscado a aceleração das jogadas.

Assim, este Valencia tem atuado trocando golpes com os rivais, apostando em sua defesa e em um ataque vertical, que arremata muito ao gol adversário. Marcelino García Toral tem contado com o talento do jovem extremo português Gonçalo Guedes, responsável por desmontar a transição defensiva e as demais ações da retaguarda dos rivais, também se associando ao outro extremo, o jovem espanhol Carlos Soler, e o atacante Rodrigo, que trabalha entre as linhas, com o italiano Simone Zaza ficando na posição de referência.

Tudo isto, aliado ao poder de arrancada do supracitado Geoffrey Kondogbia e dos laterais Nacho Vidal, Martín Montoya, Toni Lato e José Luis Gayà, tornam o Valencia um sério candidato à vaga para a Champions League 2017/18, muito embora a temporada só esteja em seu começo.