É difícil de acreditar no contexto atual, mas na Champions League 1992-1993, o CSKA Moscou foi até o Camp Nou e eliminou o Barcelona da competição. O Barça contava com o inesquecível Dream Team de Cruyff, e era o atual campeão, contando com um elenco estrelado, com nomes como Ronald Koeman, Hristo Stoichkov, Michael Laudrup, Andoni Zubizarreta, Aitor Beguiristain e Pep Guardiola. A vitória sobre a Sampdoria na final da Champions anterior, disputada em Wembley, acima de tudo, havia tirado um peso das costas blaugranas com sua primeira conquista do torneio máximo do futebol europeu, e enchia de confiança a torcida, que esperava o bi imediato.

A União Soviética, recentemente havia sido diluída, e o contexto russo era complicado. A imprensa local tinha dificuldades para cobrir os jogos do CSKA fora da Rússia, e nenhuma emissora de TV havia negociado os direitos de transmissão da partida para a pátria do leste. Mesmo assim, o CSKA foi ao Nou Camp, encarar mais 80 mil torcedores, em um dos maiores estádios do mundo. A partida de ida havia terminado empatada na Rússia em 1 a 1, com gols de Grishin e Begiristain. A classificação do Barça era dada como certa. E ficou mais ainda após os espanhóis saírem na frente, abrindo 2 a 0, com gols de Nadal e Bergiristain, em menos de  30 minutos. O CSKA, no entanto, conseguiu descontar antes do intervalo, com um gol do defensor Yevgeni Bushmanov.

O CSKA jogava por um empate em 2 a 2, pois iria avançar graças aos gols marcados fora de casa. O Barcelona mantinha a posse da bola durante a segunda etapa, como fazia habitualmente, mas não conseguia aumentar o placar, e acabou castigado. Aos 57 minutos, o meio-campista do CSKA, Dmitri Karsakov cobrou um escanteio, e Mashkarin de peixinho, empatou o jogo em 2 a 2. O time do técnico Guennadi Kostilev passou a se defender mais, e atuar no contragolpe, até dar o tiro de misericórdia. Após uma bela troca de passes, Karsakov marcou de letra o gol da vitória moscovita, decretando o placar final.

O CSKA, com aquele triunfo mágico na Catalunha, avançou para a fase de grupos, onde caiu na chave A, ficando ao lado Olimpique de Marseille, Rangers e Club Brugge. Acabou em último, mas já havia feito história contra o Barça. Anos depois da Guerra civil espanhola, onde a União Soviética não conseguiu fazer a diferença, o clube do exército brasileiro conquistava a Espanha, e marcava para sempre o seu nome na Europa, justamente em um momento de dificuldades para os russos.