O Malmö de 1978-1979
O futebol europeu anterior à Lei Bosman, era propício para zebras e surpresas. O formato da Copa dos Campeões, a predecessora da UEFA Champions League, que era disputada em puro mata-mata estilo Copa do Brasil, dava maiores condições ainda para que as equipes pequenas, ou advindas de centros da periferia do Futebol do Velho Continente, fizessem grandes Campanhas, ou até mesmo chegassem na conquista da taça mais cobiçada da Europa. O torneio tinha muito menos glamour, mas abria espaço para a nostalgia. E quer algo mais nostálgico do que uma final de Champions entre Nottihgham Forest e Malmö?
O Forest, como já dito aqui em outros capítulos, era um clube pequeno da Inglaterra até então, e alcançou a primeira divisão na temporada 1976/1977, e na sequência, uma temporada depois, se sagrou campeão Inglês, e posteriormente campeão europeu em 1979 e 1980. Já o Malmö, adversário numa destas finais, não é nem um pouco pequeno em seu país. Com uma sala recheada de troféus, ganhou, por exemplo, alguns dos últimos títulos nacionais, e esteve presente nas últimas edições da UEFA Champions League. Mas a sua maior glória, em nível continental, foi mesmo aquele vice-campeonato.
A equipe base daquela conquista era formada por Jan Möller; Roy Andersson, Kris Kristensson, Magnus Andersson e Ingemar Erlandsson; Robert Prytz, Staffan Tapper e Anders Ljungberg; Jan-Olov Kindwall, Tommy Hansson e Tore Cervin. Todos estes, praticamente formados no Malmö, e por lá atuaram em toda a carreira. Eram profissionais, mas amavam a camisa como torcedores.
Mais ou menos a mesma fórmula do também sueco Göteborg, que alcançaria bom sucesso nos anos 80.
Na temporada 1978/79 o Malmö era comandado pelo inglês Bob Houghton, que faturou com o clube 3 Ligas e 4 Copas nacionais. O seu time jogava apostando na boa defesa, e raramente tomava gols. Mais do que isto, tinha um contragolpe mortal, e assim foi surpreendendo a Europa.
Na Copa dos Campeões onde alcançou a final, o Malmö arrancou eliminando o Monaco, após um empate em 0x0 no Malmö Stadium, e uma vitória por 1x0 no principado, com gol de Kindvall, aos 35 minutos. Na sequência, o Malmö eliminou o Dínamo de Kiev, com um empate em 0x0 na então União Soviética, e uma vitória de 2x0 na Suécia, com gols de de Cervin aos 5 minutos, e de Kindvall aos 39.
A invencibilidade do Malmö só foi quebrada na etapa seguinte, quando o time perdeu para o Wisla Cracóvia por 2x1 na Polônia (Hansson fez o gol sueco aos 13 minutos). Na volta, porém, o Malmö garantiria sua classificação, com uma vitória de virada por 3x1 (gols de Ljungberg aos 65 e aos 72 minutos e de Cervin aos 82). Estava garantida a vaga na semi-final, onde o adversário seria o forte time do Austria Viena.
A velha tática da defesa forte foi mais uma vez exercida, com o Malmö segurando um 0x0 em Viena, e ganhando por 1x0 na Suécia, com um gol de Tommy Hansson, aos 47 minutos de jogo. O Malmö chegava assim na sua primeira decisão de Copa dos Campeões, onde encontrava o supracitado Nottingham Forest, comandado na casamata pela lenda Brian Clough.
A proeza já estava feita. Aquele 30 de maio de 1979, com aquela Final de Copa dos Campeões em Munique, já havia entrado para a História. Era a estréia no Forest de Trevor Francis, enquanto no Malmö, Tapper ia para campo com um dedo do pé rompido, tentando ajudar a equipe. Em um jogo muito disputado, o Forest acabou vencendo por 1 X 0, com gol de John Robertson. Era o bicampeonato do surpreendente time inglês, que entrava para a história do futebol, mesmo que num futuro próximo, a equipe entrasse numa incrível decadência, quase inexplicável para um campeão da UEFA Champions League. Já o Malmö, também fazia História, alcançando uma decisão, que nunca mais, até os dias de hoje, um sueco alcançou novamente. Quem sabe no futuro?
Final da Copa dos Campeões de 1978-1979 - 30/05/1979 – Estadio Olímpico de Munique
Escalações:
Nottingham Forest: Peter Shilton; Viv Anderson, Frank Clark, Larry Lloyd, Kenny Burns; John McGovern; Trevor Francis, Ian Bowyer, John Robertson, Tony Woodcock; Garry Birtles. Técnico: Brian Clough.