Nem só os vencedores entram para a história. Em algo similar ao que ocorreria com a Holanda 20 anos depois, é praticamente impossível lembrar da Copa do Mundo de 1954, e não pensar na lendária Hungria de Puskas, Koczis, Kubala, e cia.. O time húngaro terminou como vice-campeão daquela Copa, sendo derrotado pela Alemanha, na grande decisão, mas trouxe uma contribuição tremenda ao esporte. Armado no 4-2-4, o time aliava elementos que seriam evoluídos futuramente pela própria Holanda, e por outras equipes, como o Milan de Sacchi, e o Barcelona de Guardiola.
Na prática, a Hungria pegou o tradicional WM, e o transformou em um MW. O técnico Gusztav Sebes recuou o centroavante Hidegkuti para buscar o jogo, passando a atuar com três zagueiros, dois volantes, dois meias e três atacantes em fase ofensiva, mas um deles era quase um falso 9. Os outros dois, Puskás e Kocsis, eram quase ponteiros, mas também com chegada na área para conclusão. Sem a bola, a Hungria introduziu ainda uma novidade: o recuo de um dos volantes para o sistema defensivo, formando uma linha de quatro defensores. Surgia assim o 4-2-4, que daria origem ao 4-4-2, este com suas variantes e camadas. Sebes também mandava seus jogadores mudarem muito de posição, abrindo espaços, e dando início à uma nova era no entendimento do jogo.
Na primeira fase da Copos do Mundo de 1954, a Hungria somou duas vitórias, fazendo 9 a 0 na Coreia do Sul, e 8 a 3 na Alemanha, somando 17 gols em dois jogos. Nas quartas-de-final, o vice-campeão mundial Brasil, foi derrotado na famosa “Batalha de Berna”. O jogo teve três expulsões, e os húngaros vencendo por 4 a 2. Na semi-final o Uruguai, atual campeão mundial, também levou 4 a 2. Na final, a derrota de virada para a Alemanha, por 3 a 2, tirou o título dos húngaros, que contudo, jamais seriam esquecidos.
Time-base: Grosics; Buzanszki, Lorant, Lantos, Zakarias, Toth, Bozsik, Hidegkuti, Puskas, Kubala e Czibor. Técnico: Gusztav Sebes.