Real Madrid x Liverpool final da Champions League 2018



O Liverpool foi mais forte na segunda parte da temporada  do que na primeira, e isso, muito por conta dos movimentos que fez na janela de transferências. A venda de Coutinho ao Barcelona, trouxe Milner ao meio de campo vermelho, deixando o setor mais físico, levando Robertson à lateral, onde o jovem jogador trouxe qualidade nos apoios ao ataque. Além disto  os 75 milhões de euros, pagos ao Southampton, por Van Dijk, trouxeram estabilidade à defesa. O zagueiro holandês defende bem a área, por cima e por baixo, e dá altura ao time que pode subir, por lhe ter por trás. Tudo isso para o tridente de ataque, formado por Mo Salah, Roberto Firmino, e Sadio Mané, possa ter a devida tranquilidade para fazer a diferença no terço final do campo. 

O Liverpool, que enfrentará o Real Madrid, lutando  pelo título da Champions League, teve o segundo melhor ataque da Premier League 2017-18, com 84 gols marcados, e é o melhor ataque dessa Champions League, com 40 tentos. Os dois extremos, e o atacante supracitados, são mestres na arte de atacar espaços, e fazem o melhor contragolpe do continente. Os três são rápidos, seguros, e  determinantes, e vão antagonizar nas zonas defendidas por Sérgio Ramos, Varane e Casemiro que já sofreram com Salah quando o mesmo defendia a Roma em 2016. Hoje, o egípcio é um jogador ainda melhor, que não só é veloz, como sabe usar os tempos da sua velocidade, e melhorou também o gesto técnico, já que faz corridas mais curtas, pois não precisa baixar tanto no sistema de Jurgen Klopp, chegando mais inteiro para finalizar a jogada. 

O duelo entre os tridentes de Zinedine Zidane e Jürgen Klopp, será um embate de velocidade, antecipação das jogadas, leitura de jogo, e precisão. Neste sentido, os sistemas coletivos serão fundamentais. O confronto mais aguardado é Salah atacando as costas e/ou combatendo Marcelo, exigindo a cobertura de Ramos. A concentração e o papel de Carvajal e Marcelo nas duas laterais, garantindo amplitude ao time, também será necessária, até mesmo para evitar espaços por trás de seus corredores. A maior fraqueza do Real Madrid do 4-3-1-2 é a transição defensiva, e a do Madrid do 4-4-2, é o espaço que dá entrelinhas. O forte do Liverpool é o contragolpe, e Firmino trabalhando entrelinhas, sendo a pausa no Heavy Metal pesado da equipe.

O Liverpool de Jürgen Klopp eliminou o Manchester City e a Roma jogando com as transições ofensivas. Em Anfield, contra o City de Pep Guardiola, matou um duelo rapidamente, assim como o fez contra a Roma de Di Francesco. O time não precisa de muitos toques na bola para chegar ao terço final do campo, onde estão os seus atacantes, capazes de, com alguns espaços, fazer terror contra qualquer sistema defensivo da Europa.

O desconforto que gera essa saída, somado à velocidade e a capacidade associativa que há entre Salah, Mané e Firmino, funciona como uma flecha. Tudo porque, o contragolpe não parte muito de trás, graças ao roubo se dar em zonas adiantadas, graças ao ímpeto de Henderson e Milner, e a capacidade do tridente, para se mover, trocando de posição, de forma que somente a grande velocidade é previsível nas transições em campo curto. Esta instabilidade, torna instável a marcação rival, tão instável quanto é/foi o Liverpool quando teve de defender muito baixo, perto de seu gol, e/ou sair de lá com a bola dominada, em fases estatísticas, ou transições. Neste sentido, o Real Madrid terá de usar a capacidade de Ramos e companhia para bater pressão na saída de bola, e afastar o pressing do Liverpool de perto da área onde está o gol defendido por Navas.

Este sistema do Liverpool, baseado no perde e pressiona, traz um  desgaste físico e mental muito grande aos atletas, e pode ser uma faca de dois gumes, assim como o 4-3-1-2 do Real, que exige muita concentração dos atletas no gesto técnico e no pressing, para não ter os seus buracos na transição defensiva expostos. Mas, quando encaixa seu jogo, o time merengue, é quase imbatível. Tudo por conta de, Sergio Ramos ser letal na saída de bola, Casemiro a pilastra de sustentação no meio, e o trio Modric, Kroos e Isco, extremamente dominante. Os três tem grande capacidade de receber pressionados, girar, e fazer o gesto técnico, com perfeição, quando bem concentrados. A final da Champions League vai trazer boas batalhas, e é difícil prever quem vai ganhar elas.