Pela terceira vez seguida, o campeão do mundo é eliminado na fase de grupos da Copa em que defende o título. E pela quarta vez seguida, uma seleção européia é eliminada na fase de grupos da Copa seguinte. O caso da Alemanha, tombada hoje da Copa do Mundo 2018, não muito tem a ver com o da Itália de 2010, mas com o da Espanha de 2014. O futebol alemão não está, e não deve entrar numa fase de crise de identidade, é forte, bem estruturado, assim deverá seguir sendo, e vai voltar a lutar por títulos a partir de 2019. A questão, é que o Nationalef passou uma Copa inteira correndo para trás em campo, e não conseguiu seguir adiante na competição.

A Alemanha enfrentava hoje a eliminada Coréia do Sul, dependendo só dela para avançar. Com a vitória sueca sobre o México por 3 a 0, um simples 1 a 0 dava para a Alemanha, a chance de seguir defendendo a taça conquistada no Brasil. Mas mais uma vez, o time pareceu travado. Assim como a Espanha em 2014, não manteve a concentração mental necessária para repetir em um ciclo, o que havia feito no anterior. Se os espanhóis ainda arrancaram hierarquia para ganhar a Euro 2012, antes de caírem na fase de grupos da Copa de 2014, os germânicos já demonstraram déficit de concentração na semifinal da Euro contra a França, em 2016, o que lhes custou a taça. E na Copa do Mundo, pagaram caro, mais uma vez.

A Alemanha repetiu contra a Coréia do Sul, o mesmo cenário do jogo contra o México, e quase o mesmo de contra a Suécia. Passou 90 minutos com a posse da bola, correndo para trás, e se defendendo de contragolpes, da pior maneira possível. Para se trabalhar por muito tempo com a posse de bola, e deixar espaços atrás, há, ou de se ter cuidados na base da jogada, ou muita concentração e precisão nos gestos técnicos no terço final do campo. Perder chances de gol criadas e errar passes que geram contragolpes, trazem derrotas, e eliminações. E foi esse o caso da Alemanha.

A Alemanha teve a posse e criou ocasiões de gol para vencer mexicanos e coreanos, que defenderam mal. Os coreanos, até não defenderem mal por baixo, mas sim os espaços aéreos. O problema, é que cada chance criada nesses dois jogos, foi desperdiçada. E além disso, a Alemanha sofreu demais tendo sua transição defensiva castigada. Assim como poderia ter feito gols e não fez, poderia ter sofrido mais gols, e escapou. A Coréia do Sul, se defendeu em 4-4-1-1 primeiramente, depois em 4-5-1, com extremos bem abertos para marcar os extremos alemães. Hwang começou no banco e entrou em campo no decorrer do jogo, e Son, foi a flecha para os contragolpes. Conduzindo em campo aberto, criou várias oportunidades para marcar, mas assim como os companheiros, desperdiçou.

Os gols coreanos só foram sair nos minutos finais. Primeiro, Son pegou o rebote após uma bola espirrada por Kroos num escanteio, para abrir o placar. Depois, quando Neuer já era meia-esquerda, o mesmo Son recebeu um lançamento partindo de seu campo, e só tocou para o gol vazio, para consolidar o triunfo dos asiáticos, o primeiro em Copas desde 2010, e decretar a eliminação da Alemanha em uma fase de grupos, pela primeira vez na história.