Pouco tempo depois da Guerra das Malvinas, um sangrento confronto bélico entre Argentina e Inglaterra, os dois países se enfrentaram em jogo válido pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de futebol, no dia 22 de junho de 1986. Com um time melhor, a Argentina conseguiu se impor e vencer por 2 a 1, mesmo que com algum sofrimento, mas muito por conta do talento de Diego Armando Maradona, o dono daquela Copa.
A Argentina vinha de triunfos sobre Coreia do Sul, por 3 a 1, e Bulgária, por 2 a 0, e um empate em 1 a 1 contra a Itália na fase de grupos, e nas oitavas-de-final, tinha eliminado o Uruguai, vencendo por 1 a 0, com boas atuações. Já a Inglaterra, estreou com derrota por 1 a 0 para Portugal, e na sequência, empatou sem gols com o Marrocos. Só avançou dos grupos, por conta dos três gols de Gary Lineker, na vitória sobre a Polônia por 3 a 0, na última rodada. Nas oitavas-de-final, Lineker marcou dois gols na vitória por 3 a 0 sobre o Paraguai, e era um dos grandes nomes do Mundial. Mas ninguém superaria Maradona.
A partida ocorreu em um lotado Estádio Azteca, com mais de 110 mil pessoas nas arquibancadas. As duas torcidas haviam entrado em conflito no pré-jogo, o que deixava os ânimos ainda mais elevados. Mesmo assim, o jogo foi bem jogado, e sem faltas ríspidas ou provocações. Armada em um 3-5-2, a Argentina controlou a posse de bola, e dominou as ações iniciais. Com cinco meias, contra quatro da Inglaterra, a albiceleste conseguia superioridade no centro do campo, aliada aos apoios, de Maradona e Valdano. Mesmo rondando mais a área inglesa, a Argentina não conseguiu marcar, e o primeiro tempo terminou sem gols.
No segundo tempo, logo aos 6 minutos, Maradona marcou o primeiro gol argentino, com a mão, em um gol que ficou conhecido como "La Mano de Dios". Ele correu na direção do goleiro Peter Shilton, após um balão para o alto, e com o punho fechado, pulou, empurrando a bola para o gol. O árbitro tunisiano Ali Bin Nasser validou o tento, para a revolta do selecionado inglês. Alguns minutos depois, o craque arrancou do meio-de-campo, passou por 6 rivais ingleses, e ampliou, naquele que é conhecido como o Gol do Século.
Com 2 a 0 no placar, a Argentina recuou bastante, e a Inglaterra foi para cima. O técnico Bobby Robson colocou a Inglaterra toda no ataque, após sacar Steven, e colocar o extremo Barnes em campo, mas abusou demais do "chuveirinho", com bolas alçadas à área. Contudo, foi em um lance assim, que o próprio Barnes cruzou pela ponta, para Gary Lineker descontar, faltando apenas 9 minutos para o final do jogo. Na saída de bola, a Argentina ainda colocou uma bola na trave, após Maradona pifar Carlos Tapia, que perdeu. Tanto a Argentina, quanto a Inglaterra, ainda criaram ocasiões, mas a sabedoria dos jogadores argentinos, que souberam gastar o tempo, foi fundamental, mantendo o 2 a 1, até o final.
A Argentina se vingava assim da eliminação na Copa do Mundo de 1966, onde se julgou ter sido prejudicada pela arbitragem. Na sequência da Copa, o selecionado sul-americano eliminou a Bélgica nas semifinais, e venceu a Alemanha na grande decisão, por 3 a 2, chegando ao seu segundo título Mundial de futebol, após o primeiro, alcançado em 1978.
Imagem: FIFA