A Europa League 2017-2018 mostrou ainda mais o amadurecimento da competição, que em 2018-2019, passará por mais mudanças, mas na atual temporada, já mostrou que cresceu. Desde o começo da década, e especialmente após passar a dar uma vaga para a Champions League ao seu campeão, o torneio virou um cálice sagrado para quem busca consolação, após não conseguir lutar com a elite. O mata-mata desta edição, teve agregados equipes oriundas da Champions League, como RB Leipzig, CSKA Moscou, Spartak, e os tradicionais Sporting, Napoli, Borussia Dortmund, e Atlético de Madrid, os dois últimos recentemente vice-campeões europeus. Se o time aurinegro não fez grande campanha, caindo diante do surpreendente Red Bull Salzburg, que ainda eliminou a Lazio e chegou nas semifinais, os colchoneros foram até a grande decisão, onde enfrentaram o primeiro campeão da era-moderna da Champions League: O Olimpique de Marselha, que no caminho, havia eliminado Athletic Bilbao, RB Leipzig, e o próprio Salzburg.
Na semifinal, o Atlético eliminou o Arsenal, com um empate em 1 a 1 em Londres, e vitória por 1 a 0, no Wanda, em Madri. Antes, havia passado por Copenhaguen, Lokomotiv Moscou e Sporting. Durante toda a campanha, o time de Simeone mostrou uma hierarquia absurda, controlando os jogos através da defesa dos espaços, e da pegada nas duas áreas, com Oblak, Godín, Diego Costa e Griezmann, com Koke, Gabi e Saúl sendo a "cola" de sustentação entre eles. A vitória sobre o Marseille, na final, por 3 a 0, foi uma aula de futebol.
O Marselha começou melhor o jogo, com Anguissa dando altura ao time, desarmando todos os contragolpes do time colchonero, e ajudando no começo das jogadas. O OM tem a sua grande força na linha de meia-atacantes, especialmente quando acumula Payet e Thauvin no lado direito, e Ocampos fecha por dentro. Na posição central do ataque, Rudi Garcia não conseguiu encontrar um titular absoluto. Germain, escalado por ali nesta final, apesar da boa movimentação inicial, perdeu um gol cara a cara com Oblak no começo do jogo. Do outro lado, um Atlético tenso, parecia sentir as ações.
Contudo, aos poucos, o Atlético foi se acalmando, e a sorte sorriu para ele. Após um recuo de Luiz Gustavo, Mandanda passou com força, enquanto o Atlético subia as linhas para marcar pressão. Anguissa, que vinha muito bem auxiliando Payet e Thauvin na direita, não conseguiu dominar. Gabi pegou a bola que lhe escapou, e serviu Griezmann, que cara a cara com Mandanda, chutou no canto para abrir o placar. O gol trocou o nervosismo de lugar, passando para o OM. O Atlético passou a controlar melhor a altura da sua marcação, roubar em zonas adiantadas, e trancar o lado esquerdo de defesa, concentrando bem Koke e Saúl por lá. Mas a coisa piorou mesmo para o time da França após Payet sair de campo, sentindo a lesão que já vinha lhe incomodando, e dando lugar à Lopez.
A partir daí, o jogo mudou todo. Atlético passou a dar melhor altura à marcação, roubar em zonas adiantadas, e tirar o rival de perto da área. O gol e a lesão de Payet pesaram muito contra o mental do OM, que Ocampos partindo contra Correa e Vrsaljko, com a ajuda de Amavi, passou a ser o melhor argumento do OM. A equipe também perdeu a capacidade de roubar em zonas adiantadas, até porque Anguissa sentiu o erro, e deixou de somar roubos. Assim, sofreu com a transição defensiva, e apenas viu o Atlético controlar os espaços através da marcação, e assim, dominar o restante do primeiro tempo.
No segundo tempo, o Atlético entrou em campo bem ligado, e ampliou o placar. Após um duelo aéreo pela bola, a mesma sobrou para Koke, que serviu Griezmann, entrando cara a cara com Mandanda. Logicamente, o francês não falhou, e fez o seu segundo gol no jogo. Já perdendo por dois gols de vantagem, Rudi Garcia sacou Ocampos, e colocou N'Jie em campo, perdendo mais uma válvula, com o argentino claramente cansado, por conta da intensidade com a qual estava jogando. A intenção de Rudi Garcia era colocar mais um atacante pelo centro, para empurrar a última linha de defesa do Atlético, e assim dificultar a marcação alta, e poder se colocar no campo de ataque, para jogar pelos lados, para depois ir para dentro.
Não deu muito certo. Mantendo a equipe sempre perto da bola, o Atlético conseguiu ser mais possessivo, e perfeito na transição defensiva, não dando chances ao rival. Koke, Gabi, e Saúl, não deixaram a transição ofensiva do OM fluir, e foram empurrando o rival contra o seu gol. O jogo virou um ataque contra defesa, estando sob total controle do Atlético, que numa saída rápida, ampliou com Gabi, que desferiu um chute rasteiro, após passe de Koke, fechando o placar. O time colchonero só esperou o tempo passar, não se assustando nem mesmo com uma cabeçada de Mitroglou na trave, para comemorar, e levar mais uma taça européia para a Espanha.
Diego Simeone trouxe ao Atlético, desde o final de 2011, uma nova cara, um jeito de jogar futebol. O saber sofrer, que nada mais é do que a concentração para defender os espaços, e com a bola atacar o rival de maneira letal. Jogando assim, o Atlético faz final europeia ano sim, ano não, e encara os gigantes, da Espanha, e do continente. Ano que vem, a final da Champions League será no Wanda Metropolitano, e o Atlético sonha em conquistar a Europa na sua nova casa. Conseguirá?