O jogo do PSG contra o Liverpool, por diversos fatores, era o mais aguardado da fase de grupos da UEFA Champions League 2018-2019. Com nomes como Neymar, Roberto Firmino, Dí Maria, Sadio Mané, Kylian Mbappé e Mohamed Salah em campo, sobrava talento capaz de marcar diferenças. Mas no final das contas, o herói do dia fou um italiano: Marco Verratti. Thomas Tuchel soube juntar Verratti, Neymar e Mbappé na esquerda, e o resultado disso, foi o Italiano conseguindo superar pressão na saída de bola, e ativando o brasileiro e o francês com espaços nas costas dos meias do Liverpool. E Neymar e Mbappé atacando com espaços, são letais.

Provavelmente os melhores quinze minutos de futebol que o Parc des Princes viu nesta temporada do PSG, foram jogados contra o Liverpool. O Paris Saint-Germain foi intenso, não só taticamente, mas também pela motivação com que os jogadores entraram em cada duelo em campo. Era algo que a cidade da luz não via há muito tempo no seu clube de futebol, e estava em falta, sobretudo nas grandes noites européias.

Embora o PSG tenha perdido Thomas Meunier para esse jogo - seu avô morreu ontem e Adrien Rabiot, - que teria entrado em atrito com o técnico Thomas Tuchel, e assim começou no banco - Neymar e Mbappé se recuperaram de contusões a tempo de jogar. Juntamente com Edinson Cavani e Ángel Di María, o quadrado de ouro, eles eram os maiores recursos para quebrar a marcação de um time do Liverpool que contou com quase os mesmos onze jogadores, em comparação com sua vitória por 3 a 2 em casa, dois meses atrás, só com duas diferenças, no entanto: Firmino substituiu Daniel Sturridge, e Dejan Lovren substituiu Trent Alexander-Arnold, levando Joe Gomez para a lateral-direita. O meio-campo foi formado por Jordan Henderson, James Milner e Georginio Wijnaldum.

Nenhuma equipe queria perder esse jogo, sabendo que uma derrota diminuiria muito as suas chances de passar para os oitavos-de-final. Depois de experimentar várias formações, Tuchel mais uma vez surgiu com algo novo contra o Liverpool. Quando a equipe da casa tinha a bola, a plataforma tática usada era o 4-4-2, capaz de se transformar em um 3-5-2 com bola, com Marquinhos baixando para se tornar um terceiro zagueiro central, enquanto os laterais Juan Bernat e Thilo Kehrer subiam para apoiar o ataque. Isso deu para Neymar, à esquerda, e para Di María, à direita, a possibilidade de se mover para o centro, gerando jogo entre as linhas rivais. O Liverpool jogou num 4-3-3 compacto quando sem a posse, forçando o PSG a mover a bola para os lados, mas concedia espaços entre as linhas.

Estes espaços surgiram, muito por "culpa" de Marco Verratti. Ele assumiu o controle. Por conta própria, contra um meio-campo de três homens. Verratti não só provou ser um pivote batedor de pressão, mas também pressionou Henderson e Wijnaldum, e lançou a pressão dos companheiros. Não é por acaso que o primeiro gol do PSG começou a partir dos seus pés. Verratti pegou a bola, correu contra os três meias vermelhos, e encontrou Neymar, que entrou, fez mais uma combinação com Di María - que nesse momento se tornara meio-campista central - e lançou a bola para Mbappé, que atacou o espaço. Eventualmente, a bola acabou com Bernat, que pode facilmente colocar sua equipe na frente do marcador. Quando você consegue aproximar seus melhores jogadores, o futebol se torna muito mais fácil. Especialmente quando o maestro disso tudo é Verratti.

Num contragolpe, o PSG ampliou, após tabelinha de Neymar com Mbappé, e ainda no primeiro tempo, o Liverpool descontou com Milner cobrando penalidade máxima. No segundo tempo, até já no final do primeiro também, o PSG recuou. Sua pressão alta desapareceu, a fluidez dos passes também sumiu, e a estrutura defensiva para lidar com o Liverpool não funcionou tão bem. O Liverpool adora jogar com linhas altas quando possui posse, liberando os meias para jogar de fora para dentro. O PSG esperava que Di María e Neymar fossem suficientemente disciplinados para neutralizar esta jogada do Liverpool por fora, mas isso não funcionou durante mais de quinze minutos. Verratti teve de sombrear o segundo meio-campista central dos Reds, para impedir ataques verticais.

O fato de o PSG ter marcado o primeiro gol da noite, lhe deu a comodidade para acabar recuando, para criar espaço atrás da defesa do Liverpool, e os explorar. Mesmo com ataques poderosos e chances dos dois lados, o placar não se alterou até o apito final do árbitro, deixando a definição dos classificados para as oitavas-de-final desse grupo C, para a última rodada.