Para o profundo espanto do planeta, a anfitriã Coréia do Sul venceu a Itália, de virada, por 2 a 1, com um gol na prorrogação, e eliminou a Azzurra da Copa do Mundo de 2002. A partida ocorreu na cidade sul-coreana de Daejeon. O gol da classificação sul-coreana foi marcado aos 12 minutos do segundo tempo da prorrogação, pelo atacante Jung-hwan, que ironicamente era jogador do Perugia, da Itália. Além disto, ele foi de vilão à herói, já que havia perdido um pênalti, bem no começo do jogo.

A Itália abriu o placar no primeiro tempo, e o empate da Coréia do Sul ocorreu aos 43 minutos da segunda etapa. O gol que levou o jogo para a prorrogação foi marcado pelo atacante Ki-hyeon.
Jogando para um público de 40 mil torcedores, sendo a maioria fanáticos sul-coreanos, a Coréia do Sul, que recebia a Copa ao lado do Japão, eliminado horas antes, após perder por 1 a 0 para a Turquia, começou o jogo atacando. Logo no comecinho da partida, o árbitro marcou um pênalti para a Coréia do Sul, após Panucci segurar a camisa de um jogador sul-coreano, em um cruzamento para a área. Jung-hwan cobrou no canto direito de Buffon, que esperou a cobrança, para espalmar para escanteio. A Coréia tinha mais posse de bola e a iniciativa, mas a Itália era individualmente mais refinada, e chegava bem ao ataque, com Totti e Del Piero trabalhando entrelinhas. Num lance de escanteio, Totti cobrou no primeiro pau, e Vieri de cabeça, abriu o placar. Na comemoração, ele acabou pedindo silêncio à torcida sul-coreana. Mas era cedo, e impossível.

A Itália procurava controlar os espaços no meio, impedindo os avanços do time sul-coreano, que buscava muito atacar pelos lados. Mas, aos 15 minutos do segundo tempo, o técnico Govanni Trapattoni sacou o atacante Del Piero, para colocar em jogo o volante Gattuso, bem no momento onde a Coréia foi mais ainda para cima. Gattuso ajudou muito a controlar os ataques sul-coreanos pelo miolo do campo, e chegava bem na frente durante as transições, mas Totti ficou muito isolado na criação, e ainda errou demais ao prender e distribuir a bola. A Itália poderia ter matado o jogo, mas não o fez. A Coréia do Sul foi vendo o tempo passar, e começou a levantar bolas na área. O técnico Guus Hiddink foi colocando atacantes, e sua ousadia acabou premiada.

Em uma falha da defesa italiana, Panucci rebateu de maneira frouxa uma bola na área. Ela caiu nos pés do atacante Ki-hyeon, que, aos 87 minutos do tempo regulamentar, marcava o gol de empate da Coréia do Sul, levando o jogo para a prorrogação, para o delírio de um mar vermelho e branco. E a Coréia seguiu melhor na prorrogação. A Itália, teve Totti expulso, após o mesmo levar o segundo cartão amarelo por simular um pênalti, o que a matou ainda mais. Antes, os italianos ainda tinham criado uma ou outra ocasião em transições. Mas, faltando três minutos para o fim da prorrogação, mais uma bola para a área deu resultado, e Jung-hwan marcou, de cabeçam o gol da classificação sul-coreana para as quartas-de-final. A Itália acabava eliminada, como em 1966, por uma das Coréias. Naquela ocasião, no entanto, a algoz foi a do Norte.

A seleção sul-coreana ainda eliminaria a Espanha, em jogo onde foi inferior no primeiro tempo, mas melhor no segundo tempo, e com uma forcinha da arbitragem, que anulou um legítimo gol espanhol, segurou o 0 a 0, e levou o jogo para a prorrogação e os pênaltis, onde brilhou a estrela do goleiro Lee. Nas semifinais, contudo, não teve jeito, e a Alemanha, com um gol de Ballack, a eliminou, apesar de muita pressão. Na disputa do terceiro lugar os sul-coreanos perderam para a Turquia, ficando fora do pódio, mas fazendo história, como a única seleção de fora do eixo América-Europa, a jogar uma semifinal de Copa do Mundo.

Já a Itália, voltaria à jogar a Copa em 2006, na Alemanha, onde se sagraria tetracampeã mundial, com muitos dos integrantes do elenco de 2002.