No começo de fevereiro, a Revista Placar trouxe uma edição especial comemorativa aos dez anos de carreira de Neymar, trazendo um grande questionamento ao público: Neymar é o maior jogador brasileiro pós-Pelé? Como tudo que diz respeito à Neymar, foram observadas opiniões extremadas. Uns colocavam ele realmente como maior futebolista brasileiro pós-Pelé. Outros, não o colocavam nem no Top-10. Na verdade, o atleta já construiu uma carreira gigante, vai escrever mais páginas nela, e aos 27 anos de idade, já está ao menos no Top-5 dos maiores brasileiros pós-Pelé.
Pelé se aposentou no final dos anos de 1970, jogando seus anos finais de carreira no Cosmos, da NASL. Hoje, poderíamos colocar Zico e Ronaldo como maiores do que Neymar. Os dois só não tiveram carreiras mais vitoriosas na Europa, por conta das excessivas lesões, que atrapalharam muito Zico na Udinese, e Ronaldo por toda a carreira. O futebol nos tempos de Zico era outro. A Itália levava quase todos os grandes jogadores para a sua liga, e cada clube só podia contratar três estrangeiros. E logicamente, nem todos os clubes podiam levar os melhores estrangeiros, e especialmente, os melhores italianos para o seu elenco. A Udinese levou Zico, mas não conseguiu montar um grande projeto. E o galinho ainda se lesionou muito, especialmente em sua segunda temporada na cidade de Udine, o que o levou a decidir por voltar ao Flamengo, na metade da década de 1980. No Flamengo, Zico foi Gigante, e ainda teve bom desempenho na Copa do Mundo de 1982, que socialmente, era a sua Copa. Em 1978 e 1986, as circunstâncias não lhe favoreceram.
Ronaldo, o "Fenômeno", só não possui um hype ainda maior na carreira, pois as lesões lhe atrapalharam. Não fossem elas, estaria no Panteão do esporte bretão, ao lado de Pelé, Maradona, Cruyff, Di Stéfano, Messi, e Cristiano Ronaldo. Mesmo assim, ainda construiu uma carreira brilhante em clubes, e especialmente na seleção, mas o físico não lhe deixou brilhar ainda mais tempo em alto nível. O sobrepeso lhe abateu muito nos últimos anos nos gramados. O também goleador Romário foi outro que não quis a Europa por muito tempo, mas ainda assim foi brilhante, e nos mostrou duas versões diferentes, como Ronaldo. Primeiro, ambos foram atacantes de apoios e rupturas longas, fatais. Depois, gênios dos desmarques, do faro de gol. Romário também foi gigante, e está ao menos no mesmo patamar de Neymar.
Dois atletas que não viveram as mesmas experiências na carreira vão apresentar caminhos diferentes, e qualquer comparação é complicada. Ronaldinho Gaúcho rendeu como melhor do mundo atuando como um meia extremado pela esquerda, num jogo de posição do Barcelona de Frank Rijkaard, em um determinado contexto de um mecanismo formatado em torno dele. Ronaldinho tinha total liberdade para buscar a vitória pessoal, pois se ela viesse, o gol era quase uma certeza com a velocidade de Samuel Eto'o e Giuly ao lado, por vezes um Lionel Messi surgindo. Se a vitória pessoal no drible não vinha, uma pressão pós perda era ativada, criando igualmente ocasiões de gol a partir de Deco e os demais meio-campistas. O grande problema foi que estes mecanismos ficaram viciados e manjados com o tempo, e Ronaldinho precisava amadurecer como jogador para seguir na elite. E isso, ele não conseguiu. Sem ser um meia-extremado na esquerda, usando seu domínio de bola para receber jogo, e o drible, não rendia bem, pois não era um extremo, um mediapunta, ou um "Falso 9'.
Ronaldinho Gaúcho precisava, ou se tornar um atacante com maior capacidade desmarque e arremate na frente, ou um atleta mais capaz de recuar na base da jogada para armar. Não amadureceu como jogador, algo que Kaká também não fez, mais este por conta das lesões. Rivaldo foi outro com dificuldade para se adaptar à contextos diferentes de jogo.
Nomes como Sócrates, Falcão, Roberto Carlos e Thiago Silva também foram gigantes, mas não eram de fato meias-atacantes ou centroavantes, e sem una alta cota de gols, não possuem o Hype dos nomes supracitados. Neymar soube evoluir seu futebol, hoje recua bem na base da jogada, elimina pressão, coloca sua equipe no campo de ataque, gera jogo, cobra bem faltas, e ainda marca gola com bola rolando. Lidera em campo o Paris Saint-Germain e a Seleção Brasileira, e só precisa saber amadurecer fora de Campo, como o fez dentro dele, para ter um reconhecimento maior de torcedores, imprensa e companheiros de profissão, para poder realizar os seus objetivos dentro do esporte.
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