Após 20 anos de história da Liga dos Campeões, apenas um clube inglês havia conquistado a competição, e uma unica vez: o Manchester United, em 1968. Pois no final dos anos de 1970, os ingleses iniciariam a sua melhor era na competição. Entre 1977 e 1984, foram 7 títulos conquistados por equipes da Terra da rainha, em oito possíveis. Para se ter uma idéia, depois de 1985, foram apenas quatro taças. E a maior parte do sucesso britânico na época supracitada se deu por conta do inesquecível Liverpool treinado por Bob Paisley, um treinador que estabeleceu recordes, que até hoje nunca foram quebrados.

Bob Paisley atuou pelo Liverpool, como jogador, entre 1939 e 1954. Desde o começo, estabeleceu uma grande identificação com a camisa do clube. Ele assumiu o comando técnico da equipe após a saída do também lendário Bill Shankly, que se aposentou após passar 15 anos no comando do time. Shankly havia tirado os Reds da segunda divisão inglesa ainda nos primeiros anos em que passou lá e os levado de volta a elite da Inglaterra. Por isto, também era considerado também um ídolo, tornando ainda mais complicada a missão de Paisley.

O Liverpool estava começando a marcar seu nome na história do futebol, tanto na Inglaterra, como na Europa. O time foi vice-campeão do campeonato inglês na primeira temporada de Paisley no clube, perdendo o título para o Derby County. Com isto, ganhou a vaga para a Copa da UEFA, onde se sagrou campeão, após eliminar equipes como o Dynamo Dresden, Barcelona e o Club Brugge no caminho.


Em 1976, o Liverpool se sagrou campeão inglês, garantindo assim o acesso à sonhada Copa dos Campeões da Europa. O time estreou na Liga dos Campeões 1976-1977, com uma confortável vitória por 7-0 sobre o Crusaders. Na segunda fase, o clube perdeu o jogo de ida para o Trabzonspor por 1-0,  mas com três gols nos primeiros 20 minutos do jogo da volta, em Merseyside, conseguiu seu lugar nas quartas de final. O Liverpool ali, já começava à contar com a sorte de campeão: o Real Madrid, um dos times mais temidos da competição, por incidentes que haviam acontecido na edição anterior em jogo contra o Bayern Munchen, foi obrigado a mandar seu jogo contra o Club Brugge em Málaga. Acabou só empatando e depois de perder por 2 X 0 na Bélgica, foi eliminado. Outro forte adversário, o Torino, foi surpreendido pelo Borussia Moenchengladbach, que era na época o campeão da Bundesliga alemã, pelo segundo ano consecutivo. O Gladbach contava com jogadores como Berti Vogts, Jupp Heynckes, Rainer Bonhof e Uli Stielike em seu time, e não deu chances ao Toro. O outro time alemão que participava da Copa dos Campeões era o atual tricampeão Bayern de Munique,  que acabou sendo também surpreendido, só que pelo Dinamo Kiev, e deu adeus prematuramente ao torneio.




Voltando a campanha do Liverpool, a equipe encarou nas quartas de final, outro dos melhores times da Europa na época: o Saint-Étienne, da França. Após perder fora de casa por 1 X 0, os Reds triunfaram por 3 X 1 no Anfield, com gols de Keegan e Ray Kennedy, avançando para as semifinais, onde com duas vitórias sobre o Zürich, (3 a 1 na Suíça, e 3 a 0 na Inglaterra), carimbariam o passaporte para a decisão. O adversário na final, seria justamente o forte time do Borussia Mönchengladbach, citado acima.

Os Reds venceram esta final por 3 X 1, com gols de McDermott, Smith e Neal. Simonsen descontaria para o Gladbach. Era o primeiro título do Liverpool na Liga dos Campeões, e o fim de um jejum incrível para os clubes ingleses. Ainda em 1977, o Liverpool conquistou mais um Campeonato Inglês, a Supercopa da Inglaterra e a Supercopa da UEFA. Mas, mais títulos, ainda iriam para o clube vermelho da cidade dos Beatles.

A principal referência técnica da equipe nesta primeira conquista, era o artilheiro Kevin Keegan. Um dos maiores centroavantes da história do futebol Mundial, ele acabou deixando os Reds ao final da temporada, para ir defender o Hamburgo da Alemanha. Com isto, o Liverpool foi até o Celtic buscar um novo craque, e contratou aquele que, possivelmente é o maior jogador de sua história: Kenny Dalglish. Ao lado de David Fairclough e David Johnson, ele formou um ataque letal, que seguiu mantendo o clube no topo. Atrás, lendas como o zagueiro Alan Hansen, o maior da história do Liverpool e o folclórico goleiro Bruce Grobbelaar, garantiam a estabilidade, que todo o esquadrão vencedor necessita.

Na Liga dos Campeões da temporada 1977/78, o Liverpool teria adversários duros pela frente. Clubes como Juventus, Bruges, Celtic, Atlético de Madrid, Benfica e Ajax também estavam na competição. Por isto mesmo, era necessário não perder o foco. A equipe começou a defesa do troféu com uma vitória por 5x1 sobre os alemães orientais do Dynamo Dresden (os Reds perderiam a segunda partida por 2 X 1, mas mesmo assim passaram). Nas quartas de final, obteve duas vitórias sobre o poderoso time do Benfica: 2 a 1 em Portugal e 4 X 1 em Anfield Road com gols de Dalglish, Callaghan, McDermott e Neal.

Nas semifinais, a reedição do duelo da final anterior contra o Borussia Mönchengladbach, novamente teve final feliz. No primeiro jogo, na Alemanha, vitória alemã por 2 a 1. Mas na volta, o Liverpool venceu por 3 a 0, com gols de Dalglish, Kennedy e Case, se classificando para enfrentar o Club Brugge na decisão, que aconteceria no lendário Wembley, na própria Inglaterra. O Liverpool venceu a partida por 1 X 0, com gol de Kenny Dalglish, e se tornou assim o primeiro time britânico bicampeão da Europa.

Surgiria, porém, um outro esquadrão Inglês, que seria capaz de bater de frente com o Liverpool: o Nottingham Forest. O surpreendente clube seria campeão Inglês na temporada 1977-78, e eliminaria os Reds da Liga dos Campeões 1978-1979 logo na primeira fase. Curiosamente, igualaria o Liverpool ao conseguir o bicampeonato europeu em 1979 e 1980.

A retomada



O Liverpool, porém, conseguiria conquistar o Campeonato Inglês em 1979 e 1980. E começaria mais uma campanha vitoriosa na Champions em 1980/81. Ela começou com um empate fora e um 10 X 1 no time do OPS, da Finlândia. Sem muitos problemas, a equipe ainda eliminaria o Aberdeen, da Escócia, (vitórias por 1 a 0 e 4 a 0 ) e o CSKA Sofia, da Bulgária (vitórias 5 a 1 e 1 a 0). Nas semifinais, um empate em 0 a 0 em casa eoutro em 1 a 1 fora com o Bayern, assegurariam a vaga na final, agora contra o Real Madrid de Del Bosque e Isidro. Com uma vitória pelo placar mínimo(gol de Dalglish), o Liverpool se tornou rei da Europa pela terceira vez.

Nas outras duas vezes em que venceu a Liga dos Campeões, o Liverpool abdicou de disputar o Mundial de clubes. O sistema de jogos da competição era de ida e volta até 1980, eram muito cansativos e disputados no meio da temporada europeia. Em 1981, porém, a situação foi diferente. Em partida única no Japão, o clube foi enfrentar o poderoso Flamengo de Zico, campeão da Libertadores. Levou 3 X 0, e ficou sem a taça.

Em 1984, o Liverpool voltou a ser campeão da Champions League. Na primeira fase, eliminou o Odense, da Dinamarca. Na segunda, o Athletic Bilbao. Nas quartas de final o Benfica foi quem ficou para trás, enquanto na semifinal o Dinamo Bucaresti, da Romênia, não teve possiblidades contra os Reds. A final seria contra a Roma de Falcão, Cerezo, Bonetti, Pruzzo e Graziani, em um jogo único, no Olímpico. A partida foi extremamente equilibrada, e permaneceu com o placar fechado até o fim, com o Liverpool se sagrando campeão nos pênaltis, após vencer por 4 X 2.

O Liverpool voltou a final da Liga dos Campeões na temporada 1984-85, encarando a Juventus de Cabbrinni, Scirea, Paolo Rossi, Platini e Boniek. A decisão terminou com vitória Italiana por 1 a 0, com um gol de pênalti de Platini, mas ficou marcada por um dos episódios mais tristes da história do Futebol: a Tragédia de Heysel.

Naquela ocasião, a queda de um alambrado matou 39 torcedores da Juventus. Este episódio atrapalharia muito o Liverpool, e os times ingleses em geral: foram seis anos de banimento do Liverpool e cinco de times da Terra da rainha das competições da UEFA.




Futuramente, o Liverpool voltaria a conquistar a Champions League em 2005, já com o novo formato. Nesta ocasião, os Reds bateram na decisão o Milan nas penalidades, após empate em 3x3, no famoso "Milagre" de Istambul.