Todo bom torcedor bético não de esquece da histórica temporada 2004/2005. Naquela ocasião, sob às ordens de Lorenzo Serra Ferrer, o grande Real Betis Balompié viveu seus maiores momentos de glória no Século XXI.
A fórmula vencedora
O grupo de jogadores do Betis naquela temporada, era basicamente formado por atletas espanhóis, mas contava também com a presença do talento brasileiro, nas figuras de Edú, do artilheiro Ricardo Oliveira, e do magistral Marcos Assunção. Eles davam o toque de necessário, à um time basicamente formado por canteranos como o lateral-direito Melli, os zagueiros Juanito e Rivas, o volante Arzu, o craque Joaquín e o iluminado Dani, além de outros nomes sem muita badalação, como o goleiro Doblas. Pela primeira vez, o Betis assegurou presença na UEFA Champions League, sendo a primeira equipe andaluza a alcançar este feito. Além disto, também conquistou a Copa do Rei, pela segunda vez em sua história.
O Betis fez uma grande campanha em La Liga 2004-2005. A equipe só terminou atrás em La Liga do Barcelona de Ronaldinho, Messi e Eto'o, do Real Madrid dos galácticos e do Villarreal de Riquelme e companhia. Em 38 rodadas, o time andaluz somou 16 vitórias, 14 empates e 8 derrotas, marcando 62 gols e sofrendo 50. Assim, encerrou a sua participação na quarta posição, à frente do 5° colocado Espanyol, se assegurando de maneira histórica na UEFA Champions League.
Na Copa do Rei, o Betis eliminou Alcalá, Cádiz e Mirandés nas etapas iniciais, e foi vendo rivais de peso caírem, como o Barcelona, eliminado em jogo único na fase de 32-avos pelo Gramenet, ou o Real Madrid, eliminado pelo Valladolid nas oitavas.
Uma saga vencedora
Nas quartas de final, o Betis eliminou o Gramenet, o mesmo time que havia sido algoz do Barcelona. O empate em 2 a 2 em Santa Coloma de Gramanet, deixou no ar que alguma surpresa pudesse ocorrer, mas o difícil triunfo bético por 4x3 em casa selou a classificação. A alegria foi dupla, até por conta de o Sevilla, grande rival do Betis, ter sido eliminado pelo Osasuna, justamente nesta fase. De resto, Athletic Bilbao e Atlético de Madrid passaram por Valladolid e Numancia, respectivamente, dando fim ao festival de zebras.
Nas semifinais, o Betis eliminou o Athletic Bilbao nas penalidades, após dois empates sem gols. A equipes esmeralda se garantia assim para encarar o surpreendente Osasuna, que no outro lado da chave, eliminou o Atlético de Madrid.
A final, disputada em jogo único, foi bem apertada. Ricardo Oliveira chegou a abrir o placar para o Betis aos 76 minutos de jogo, mas perto do final da partida o Osasuna conseguiu o empate, levando a decisão para o tempo extra. Mas não havia motivos para se preocupar.
O título viria aos 115 minutos de partida, com um gol marcado por Daniel Martín Alexandre, o inesquecível Dani. Um jogador canterano, bético e apaixonado pelo clube, simbolizando bem a filosofia daquele Betis. Bastou segurar nos minutos finais, para soltar o grito de campeão.
Uma pequena queda
Com a classificação para as fases preliminares da Champions 2005-2006, o Betis teve de passar pelo Monaco nos playoffs para alcançar a fase de grupos. Nela, caiu na chave G, ao lado dos belgas Anderlecht, do campeão inglês Chelsea, e do campeão europeu Liverpool.
A derrota logo na primeira rodada para os Reds em casa, complicou bastante as coisas para o Betis. Logo na sequência, os esmeraldas acabaram goleados pelo Chelsea, em Londres, por 4x0. Na sequência, as vitórias, contra o Anderlecht na Bélgica e o Chelsea na Andaluzia, além do empate na Inglaterra contra o Liverpool, asseguraram a terceira colocação do grupo, e uma vaga no mata-mata da Copa da UEFA. Chelsea e Liverpool dispararam na frente, e avançaram para as oitavas da UCL. Na última rodada, sem muitas pretensões, o Betis ainda perderia por 1x0 para o Anderlecht em casa.
Na Copa da UEFA, o Betis ainda eliminou o AZ Alkmaar na fase de dezesseis-Avos de Final, mas caiu diante do Steua Bucarest nas oitavas. O pior, foi ver o rival Sevilla conquistar o título, o primeiro de uma equipe da Andaluzia na Europa.
Aos poucos, o time foi se desfazendo nos anos seguintes. Ricardo Oliveira chegou a jogar um período no São Paulo, antes de ir em definitivo para o Milan. Nunca mais o Betis conseguiu ser tão forte, e na temporada 2013-2014, acabou rebaixado para a Liga Adelante. Menos mal, que retornou logo para a elite espanhola, na tentativa de voltar aos anos de glória.