Grandes Times: o Atlético de Madrid de 2012-2014



Um time que devolveu o orgulho à uma instituição, e um técnico que entregou o seu espírito à um projeto. Assim podemos definir o processo que o Atlético de Madrid passou nos últimos anos, deixando de ser grande na Espanha, para lutar por ser Gigante na Europa.

Após ser campeão espanhol na temporada 1995/96, o time comandado pelo técnico iugoslavo Radomir Antić, que contava no elenco com jogadores como Diego Simeone, Milinko Pantić, Juanma López e Kiko, conquistou a dobradinha, vencendo também a Copa do Rei. Na temporada seguinte ainda chegou nas quartas-de-final da Champions League, caindo diante do Ajax.

Mas, com uma administração controversa do presidente Jesús Gil, que apesar de boas e ousadas contratações, que vão desde Futre e Shuster, ainda no fim dos anos 80, até o brasileiro Juninho e o italiano Christian Vieri, já em 1997, o Atlético mergulhou em dívidas, e caiu no poço. Rebaixado, passou dois anos na segunda Divisão espanhola.

O Calvário da Segundona só não foi pior graças ao técnico Luis Aragonés, mestre como jogador e comandante nos tempos de glória, que assumiu a equipe. Ele fez um bom aproveitamento de jogadores da base, como Fernando Torres, e devolveu o clube à elite. A partir deste momento, um abismo financeiro se criou entre as Equipes na Espanha, com as maiores disparidades ficando por vonta das cotas de TV. Enquanto Real Madrid e Barcelona passaram a receber valores que variavam entre € 136 milhões a € 142 milhões por ano, clubes como Atlético de Madrid e o Valência, por exemplo passaram a ganhar um valor de cerca de € 40 milhões cada. Uma diferença de cerca de cerca de € 100 milhões, que passou a fazer diferença no mercado. 

Mesmo assim, até por fazer boas vendas, como a de Fernando Torres ao Liverpool, o Atlético contratou algumas estrelas neste período. As maiores foram Forlan e Aguero, que formaram uma dupla de ataque inesquecível, responsável pela retomada na vida do Atlético. Na Liga dos Campeões 2007/08, o clube chegou nas oitavas-de-final, e em 2010, veio o sonhado título inédito da Liga Europa, logo no primeiro ano em que a competição passou a ter este nome. Para chegar à conquista desta taça, o time Colchonero, na época treinado por Quique Sánchez Flores, e com o jovem goleiro David De Gea, teve de engolir uma eliminação na fase de grupos da Liga dos Campeões, quando terminou em terceiro lugar no seu grupo, atrás de Porto e Chelsea. Depois, eliminou no mata-mata da Liga Europa Galatasaray, Sporting, o Valencia, de David Villa, Juan Mata, David Silva e Jordi Alba, e o Liverpool, de Gerrard, Kuyt, Mascherano e Torres, nas semifinais, para derrotar o surpreendente Fulham na grande decisão, 2 a 1, pós prorrogação. Ainda em 2010, o Atlético bateu com autoridade a campeã européia Internazionale, de Cambiasso, Sneijder, Stankovic, Zanetti, Eto’o e Milito, na final da Supercopa da Europa, por 2 a 0, com gols de Reyes e Agüero, mostrando que o crescimento do projeto era notório. E o ano só não foi perfeito, por conta da perda do título da Copa do Rei, na final contra o Sevilla.

Ainda faltava, no entanto, forças para encarar Real Madrid e Barcelona. Após perder Forlan e Aguero em 2011, o Atlético foi atrás de dois novos atacantes: Falcao Garcia, que havia sido campeão da Liga Europa com o Porto, e o desconhecido Diego Costa, que foi destaque na segundona espanhola com o Rayo Vallecano. O time, de começo, não engrenou, mas tudo mudou após a chegada do técnico argentino Diego Simeone. Com uma filosofia nova, somada ao patrocínio Milionário da empresa Land of Fire, do Azerbaijão, o Atlético conseguiu sair das dívidas e montar um time para competir em igualdade com Real Madrid e Barcelona.

Em 2012, o clube conquistou a sua segunda Europa League, já com Simeone no comando, batendo o Athletic Bilbao, do técnico Marcelo Bielsa, na final. E nesta competição, fez uma campanha avassaladora. Em confronto onde não era favorito, eliminou a Lazio,  com duas vitórias, por 3 a 1, com dois gols de Falcao e um de Adrián, na Itália, e 1 a 0, gol de Godín, na Espanha, pela famosa etapa  de 16-avos de final da Liga Europa, onde terminou na primeira colocação do Grupo I na fase de grupos, somando quatro vitórias, um empate e uma derrota, e ficando na frente de Udinese, Celtic e Rennes. Focada na Liga Europa e, com a 5ª colocação encaminhada em La Liga, o time pode voar.

Sem nenhuma revolução, mas apostando em seus conceitos de jogo, Simeone montou uma base forte. Courtois pintou aqui como goleiro, e Juanfran virou um ótimo lateral. Na linha de meio-campo, Gabi, Tiago, Koke e Mario Suárez se revezavam, com o esquema variando entre o 4-1-4-1 e o 4-4-2. No primeiro, com um homem na frente da área, a pressão na saída de bola rival era mais forte, do que no segundo, mais usado para defender a área e arredores. O ataque, tinha Salvio, Arda Turan, Diego, e Adrián, se revezando, com Falcao, sendo o centroavante titular. O colombiano era um verdadeiro gênio dos desmarques, e um artilheiro nato, nascido para marcar gols.

Nas oitavas-de-final, o Atlético eliminou o turco Besiktas, vencendo na Espanha por 3 a 1, com dois gols de Salvio e um de Adrián, e na volta, em Istambul, por 3 a 0, com gols de Falcao, Salvio e Adrián. Nas quartas, despachou o Hannover, vencendo na ida, em Madrid, com gols de Falcao e Salvio, por 2 a 1, e na volta, por 2 a 1, com gols de Falcao e Adrián. Na semifinal, fez um duelo espanhol contra o Valencia. E em Madri, Falcão marcou duas vezes, Adrián e Miranda também balançaeam as redes, e consumaram a vitória por 4 a 2. Na volta, Adrián fez gol da vitória por 1 a 0. O Atlético estava assim na decisão da Liga Europa 2011-2012, a ser disputadavem Bucareste, na Romênia, onde iria enfrentar o supracitado Athletic Bilbao, que havia eliminado o Manchester United nas oitavas.

A final teve a esquadra colchonera abrindo o placar logo aos sete minutos de jogo, com Falcao. A forte marcação da equipe Madrilenha, ao estilo da do Velez dos anos 90, do qual Simeone fez parte, fez o time basco errar muitos passes, e não demorou para Falcao ampliar. O Atlético passou a atuar mais fechado, defendendo a sua área, e no contragolpe, fez o terceiro gol no final do jogo, com Diego.

O Atlético mostrou também sua força, ao vencer o Chelsea por 4 a 1 na Supercopa da UEFA, meses depois. Falcao Garcia brilhou novamente nesta ocasião, assim como no título da Copa do Rei 2012/13, onde o Atlético derrotou o rival Real na final, por 2 a 1 pós prorrogação, voltando a vencer os merengues após longos 14 anos. O Atlético chegou a perder Falcao para o Monaco em seguida, mas buscou o atacante David Villa no Barcelona para substituir ele. Contudo, quem se converteu no verdadeiro goleador colchonero foi o brasileiro Diego Costa. Por vezes, ele já atuava ao lado do colombiano, mas sem ele, passou a ser titular absoluto e peça chave da equipe. Seu trabalho como pivô, passou a ser uma arma vital para o time se colocar em campo rival, e Diego até foi disputado pelas seleções de Espanha e Brasil, mas acabou optando por defender a Furia.

Na temporada 2013-2014, o Atlético de Madrid voltou de vez às glórias: foi Campeão Espanhol, segurando um empate contra o Barcelona em 1 a 1 no Camp Nou na rodada final, em confronto direto pela taça, e chegou na final da Liga dos Campeões, contra o Real Madrid, onde esteve vencendo por 1 a 0 e levando a taça até os acréscimos da partida, quando Sergio Ramos empatou o encontro. Na prorrogação, o Real acabou marcando três gols em um Atlético totalmente desgastado, e ficou com a taça, deixando um sabor amargo no torcedor Colchonero. Antes da final o Atlético havia eliminado o Milan, com autoridade, nas oitavas-de-final, passado pelo Barcelona nas quartas-de-final, e pelo Chelsea nas semifinais. 

Após uma boa temporada 2014/15, onde o clube se manteve em bom nível, o Atlético de Madrid voltou à decisão da Champions League em 2016, eliminando nas semifinais o Bayern de Guardiola em sua versão mais plena. Neste momento, Simeone já contava com o atacante francês Antonie Griezmann como figura, novamente para encarar o Real Madrid, e acabou derrotado nas penalidades, após empate em 1 a 1 no tempo normal. Com a derrota nesta final, Simeone modificou de vez a maneira do Atlético jogar. Saiu de figura o time que defende bem a área e arredores, e busca o jogo na referência, para se dar lugar à um ataque mais elaborado e organizado. Em paralelo à isto, o Atlético trocou o Estádio Vicente Calderón pelo moderno Wanda Metropolitano, na expectativa de levar a magia da casa antiga, para a nova, e enfim ser campeão europeu.