Entre 2005 e 2009, o Liverpool encheu o seu fanático torcedor de orgulho. Comandado do banco de reservas pelo brilhante treinador Rafa Benítez, e em campo pelo eterno capitão Steven Gerrard, o time do norte da Inglaterra conquistou a Europa, e reergueu a história de um clube que é gigantesco.
Depois de anos 70 e 80 dourados, o Liverpool viveu um período de queda nos anos 90. Eram tempos em que o Manchester United se consolidava como grande força do futebol inglês apos o surgimento da Premier League, o Arsenal se reafirmava, e outras forças como Chelsea, ascendiam.
Entre o seu quarto e o seu quinto título do Champions, o Liverpool viveu um jejum de 20 anos sem chegar em uma final da principal competição da Europa. A tragédia de Heysel, em 1985, trouxe uma grande punição aos clube ingleses, que ficaram cinco anos afastados das competições da UEFA. Acima de tudo, o orgulho do Liverpool foi ferido. A Premier League surgiu na temporada 1992-1993, e até hoje, o Liverpool nunca conseguiu conquistá-la. O melhor que o clube conseguiu até hoje foram alguns vice-campeonatos. Em 2001, o título da Copa da UEFA foi uma prévia, mas era necessário mais. Faltava uma grande taça. Na Premier League 2003-2004, o Liverpool encerrou a sua participação na quarta colocação, mas não brigou pela taça, como imaginado. Mais uma vez, a torcida encerrava a temporada frustrada, mas algo grandioso estava por vir.
Para entrar na Liga dos Campeões 2004-2005, o Liverpool teve de passar pela repescagem, onde eliminou o Grazer, da Áustria, com alguma dificuldade. Na fase de grupos, o time se classificou em segundo lugar do seu grupo, somando o mesmo número de pontos do Olympiacos, mas levando a melhor no confronto direto. Nas oitavas-de-final, o Liverpool eliminou o Bayer Leverkusen, com duas vitorias 3 a 1. Nas quartas, os Reds eliminaram a Juventus, com uma vitória na Inglaterra por 2 a 1 e um empate em 0 a 0 na Itália. Na semifinal, o Liverpool passou pelo Chelsea, em um novo clássico inglês que tomava forma. Na ida, vermelhos e azuis empataram em 0 a 0 no Stanford Bridge. Na volta, em Anfield Road, o Liverpool venceu por 1 a 0, com um gol polêmico de Luís Garcia, onde até hoje se discute, se a bola entrou ou não.
Na decisão, os ingleses conquistaram o título pela quinta vez com uma virada histórica sobre o Milan, em Istambul. Após terminar o primeiro tempo perdendo por 3 a 0, os Reds buscaram a igualdade com apenas 15 minutos da segunda etapa, liderados por alterações do treinador Rafa Benítez, e uma atuação mágica de Steven Gerrard, levando o jogo para a prorrogação e posteriormente para os pênaltis.
A raça do Liverpool para segurar o empate no decorrer da partida foi comovedora. Mais cansado pelo esforço para buscar a igualdade, o Liverpool viu em Carragher um leão na zaga. O zagueiro fez de tudo para proteger a sua meta, e saiu de campos com cãibras. O iluminado goleiro Jerzy Dudek parou uma cabeçada de Shevchenko já no final da prorrogação, que para muitos, foi uma das maiores defesas de todos os tempos
Nas penalidades, a estrela do goleiro Jerzy Dudek brilhou pela segunda vez naquela noite. Ele defendeu três cobranças do Rossonero, dando aos Reds o seu quinto título europeu da História.
Na sequência, ainda em 2005, o Liverpool foi campeão da Supercopa da UEFA, após derrotar o CSKA Moscou por 3 a 1, em jogo único, e se sagrou vice-campeão do Mundial de Clubes, sendo derrotado pelo São Paulo na grande decisão por 1 a 0.
Nas temporadas seguintes, o Liverpool capitaneou o domínio inglês na Champions League. Foram três temporadas seguidas (2006-2007, 2007-2008 e 2008-2009), com os ingleses colocando quatro clubes nas quartas de final, e três nas semifinais, em todas estas ocasiões. Foram tempos de duelos espetaculares, especialmente contra o Chelsea, como aquele inesquecível 4 a 4 em 2009.
Em 2007, o Liverpool chegou a disputar outra final de Champions League contra o Milan, desta vez em Atenas, e acabou perdendo por 2 a 1, ficando sem a taça. O grande lamento desta época, no entanto, foi não ter conquistado uma Premier League, algo que não aconteceu por conta da força da competição.
O time Campeão
No gol, este grande Liverpool contava com o polonês Dudek no início do ciclo. Na sequência, ele deu lugar ao espanhol Pepe Reina. Na lateral-direita, Finnan foi o titular na final de Istambul, embora Arbeloa tenha sido destacado na equipe futuramente. O finlandês Hyypiä e Carragher eram os dois zagueiros, especialmente até a chegada de Skrtel, mais para o final do ciclo. Traoré foi o titular da lateral-esquerda no milagre de Istambul, embora o norueguês Risse fosse geralmente o titular da posição. O brasileiro Fábio Aurélio e o argentino Emiliano Insúa também chegaram a ocupar o setor. No meio, Kewell, Xabi Alonso, Gerrard e Riise atuaram na final da Champions em 2005, enquanto Luís Garcia e Milan Baros formaram o ataque.
O holandês Dirk Kuyt foi outro atleta muito importante neste ciclo vencedor. Cissé e Crouch eram opções para a posição de centroavante, que a partir de 2007 passou a contar com o espanhol Fernando Torres. No Liverpool, El niño viveu o melhor momento de sua carreira, se transformando em um dos mais letais atacantes do Liverpool.
Na temporada 2009-2010, o Liverpool não conseguiu a classificação pra a Champions League, terminando atrás de Chelsea, Manchester United, Arsenal, Tottenham e Manchester City na tabela de classificação. O clube, a partir daí, foi perdendo nível, e só conseguiu vaga para aChampions na temporada 2013/14, quando contou com a individualidade de Luis Suárez. O capitão Steven Gerrard seguiu no time até 2015, quando rumou para o LA Galaxy, dos EUA.