Real Madrid 0x2 Barcelona: a vingança de Guardiola


Se o Barcelona não se tornou na temporada 2009-2010, o primeiro bicampeão europeu na era UEFA Champions League, foi por ter caído diante da Internazionale nas semifinais. A Inter era treinada pelo técnico português José Mourinho, que foi em seguida contratado pelo Real Madrid, para fortalecer um projeto anti-domínio Pep Team, que era planejado por Florentino Perez. Mourinho levou ao Real tudo que a equipe precisava para encarar o Barça. Mas, quis o destino que Mourinho se encontrassem novamente em uma semifinal de Liga dos Campeões na temporada 2010-2011, agora com o treinador lusitano já como comandante merengue.

A reta final da temporada 2010-2011, reservou quatro duelos, quase que seguidos, entre Real Madrid e Barcelona. O primeiro, foi por La Liga, e terminou empatado, em competição vencida pelo Barcelona. O segundo, na final da Copa do Rei, teve um Real Madrid campeão com o plano de Mourinho superando o de Guardiola. Após aquela decisão do Mestalla, o português parecia ter encontrado um plano anti-Barça. Se no começo da temporada, o Real havia levado 5 a 0 do Barcelona, naquela reta final a situação já era outra. Se jogava normalmente em um 4-2-3-1, Mourinho passou a atuar em um 4-1-4-1/4-3-3 contra o time de Guardiola, colocando o zagueiro luso-brasileiro Pepe como interior, e deslocando Cristiano Ronaldo ao comando de ataque. A intenção era conter a zona de ação onde Xavi e Messi se associavam com os demais companheiros pela direita, sem tirar tanto Xabi Alonso da frente da área, expondo os zagueiros. E em geral, deu certo.

Para as semifinais da Liga dos Campeões, Guardiola precisava de um contra-veneno. O cenário para os duelos entre Real Madrid e Barcelona era de tensão, e Pep sabia disso. Sem nenhum dos seus laterais esquerdos disponíveis, ele escalou Puyol por ali, e Mascherano na zaga com Piqué. Para o lugar de Iniesta, fora de combate, ele escalou Keita. Também fez uma inversão dos extremos Villa e Pedro, mas foi no ajuste da movimentação de Messi, que a vitória veio.






Com uma marcação forte, o Real Madrid novamente focou em anular o Barcelona. José Mourinho colocou Mesut Ozil como extremo direito, Dí Maria extremo esquerdo, e Cristiano Ronaldo como atacante único. Contudo, a coesão e a qualidade da conexão no meio-campo do Barcelona, lhe deram a superioridade. Messi voltou bastante para se associar com Xavi, não só na intensidade, mas na metragem. As variadas associações deixavam Lass Diarra e Pepe, os interiores do Real Madrid, tontos, e os dois foram apelando para um jogo ríspido, além de concederem alguns espaços que não existiram no Mestalla. As vantagens que Messi gerava com dribles criavam espaços que não existiam, e ajudavam o Barcelona a chegar ao terço final de campo, o território onde o Real Madrid tentava proteger ao máximo possível.

Foi após um lance com Daniel Alves, que a ríspidez de Pepe foi punida com expulsão. Mourinho havia sacado, como no Mestalla, Ozil, para colocar o centroavante togolês Emmanuel Adebayor em campo. Mou também foi expulso da beira do campo por reclamar demais. O Real, passou a ser comandado pelo auxiliar Aitor Karanka, e jogar num 4-4-1, com duas linhas de quatro, e Adebayor na frente.

Com espaços entre as linhas e na frente delas, Messi trabalhou ainda melhor em campo, e construiu a jogada onde Afellay cruzou para ele abrir o placar. Depois, Messi fez mais uma grande jogada, marcou um golaço, e ampliou. Vencendo a ida por 2 a 0, no Santiago Bernabéu, o Barcelona controlou a volta, empatou em 1 a 1 sendo melhor, e chegou na final, onde derrotou o Manchester United por 3 a 1 em Wembley, com mais um recital de futebol, escrevendo de vez o seu nome na história.