O Sevilla, é mais uma vez o campeão da Europa League, conquistando o título da competição pela sexta vez. A equipe andaluza, venceu a Inter ontem na final, por 3 a 2. Pelo número de situações adversas que teve de ultrapassar para chegar até aqui, pelas circunstâncias excepcionais, e pela hierarquia que demonstrou nos momentos mais decisivos do jogo, a conquista foi especial. O Sevilla sabia muito bem que a disputa não seria fácil. A Inter de Antonio Conte é uma boa equipe, tanto individual quanto coletivamente, e chegou à partida embalada. Mas os blanquirojos construíram um idílio muito particular ao longo dos anos com este torneio. O Sevilla é o rei da competição, dono e senhor da UEFA Europa League nos últimos tempos, e ontem voltou a mostrar que não há ninguém na face da Terra que queira, respeite e deseje esta Taça, tanto quanto este clube.
O jogo não começou bem para o Sevilla. Como já aconteceu com Wolverhampton e Manchester United, nas quartas e semifinais, respectivamente, a equipe andaluza voltou a sofrer pênaltis contra um dos melhores zagueiros da temporada, Diego Carlos. O brasileiro tem sofrido muito nesta última etapa da competição frente a esse tipo de situação, diante de jogadores de futebol mais fortes e/ou mais rápidos que ele, acusando o golpe que a equipe vem pagando desde o início da temporada, por querer compensar sua falta de talento individual nos últimos metros do campo, com velocidade em todas as suas ações, embora esta, na sua transição defensiva, tenha aberto demasiadas portas ao rival, mas não contemporizando em posições que são especialmente críticas para a ela. Diego Carlos é um excelente zagueiro, fez grande La Liga, mas ainda carece de algumas questões em nível internacional.
Lukaku é um Airbus quando começa a correr. Pará-lo é impossível, desde que o zagueiro leve em consideração sua integridade física, mas não é muito mais fácil cercá-lo ou antecipar seus movimentos, devido ao seu físico robusto. Lukaku, fora a ação do penalty, não fez muita coisa mais. O jogo não foi dos atacantes da Inter, como tem sido habitual nesta Liga Europa, mas dos zagueiros do Sevilla. Jules Koundé e Diego Carlos formam uma das melhores duplas defensivas da temporada. Duas das grandes revelações da mesma que, além de serem muito complementares tanto física, quanto tecnicamente, se ajudam. A final de Jules Koundé foi outra história à parte. A partida do central francês foi perfeita. Ele parou o ataque Nerazzuro, ao anular um dos grandes personagens da temporada, Lautaro Martínez. Koundé venceu Lautaro em todos os duelos. Antecipou sempre na hora de colocar a perna e defender com o corpo (sem ter que ir ao chão), desativando assim o produtivo jogo de apoio do atacante argentino, deixando a Inter sem resposta, quando mais precisava.
A Inter teve dificuldade frequente para usar os primeiros passes, fruto da boa pressão exercida pelo Sevilla, marcando homem a homem na primeira linha, até onde Éver Banega saltou sobre Brozovic. Conte, uma vez que a Inter superou a divisão e entrou no campo rival, respondeu com extrema fixação nas costas de Sergio Reguilón. Danilo D’Ambrosio, ala-direito da Inter nesta reta final da temporada (à frente de Antonio Candreva), atacou de forma direta e contínua sobre o lateral esquerdo do Sevilla. O duelo foi constante na lateral. Acima e abaixo. Mas D’Ambrosio, teria de começo a missão de acabar com os ataques da equipe adversária, mas foi Young que teve mais trabalho com Navas no outro lado.
Quem assumiu o jogo foi Éver Banega. O Sevilla foi superior, sendo apenas o vencedor da partida, mas o duelo teve setores de domínio muito divididos, principalmente nos primeiros 45 minutos. Banega fez a diferença para tornar este cenário uma oportunidade para sua equipe. O argentino moveu-se indistintamente nas três zonas do campo e em todas as alturas, apesar de partir originalmente do interior esquerdo, de onde reuniu a equipe em torno dos seus passes e ativou a profundidade lateral de Jesús Navas, esplêndido mais uma vez, incansável nos esforços, e decisivo nos metros finais, e Suso, através da mudança de orientação. E sua hierarquia foi mais uma vez diferencial para o Sevilla. Banega transborda hierarquia na UEFA Europa League. Lopetegui sabia disso, e montou o time em torno dele. De Jong foi o nome da final, com dois gols, mas o MVP foi Banega, com mais uma decisão de UEL histórica, como em 2015. Diego Carlos, de bicicleta, fez o gol do título, faltando quinze minutos para o final do jogo, desequilibrando, um duelo muito equilibrado.
O Sevilla retorna para casa com a sua sexta UEFA Europa League na mochila. Um troféu que é o sétimo título internacional do Sevilla até agora neste século, empatando em números com o Barcelona, e apenas dois abaixo do Real Madrid. Uma equipe que, na época mais anómala em que se recorda, soube dar à competição mais uma vez a dedicação e o carinho que sempre marcaram a diferença. Julen Lopetegui construiu uma grande equipe em todos os aspectos, e provavelmente ninguém merecia mais a redenção do que o treinador basco. Este Sevilla 2019-2020 já faz parte da história. Uma história vermelha e branca, banhada em ouro.
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